quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Evolução

Com 150 anos de atraso, a Igreja Católica finalmente reconheceu o valor da teoria da evolução formulada por Charles Darwin em A Origem das Espécies. Através de um porta-voz, disse que ela é compatível com a Bíblia. Significa, então, que não se deve ler o livro sagrado do cristianismo literalmente, que ele é, por assim dizer, uma fábula.

O fato representa um extraordinário avanço dos católicos. Abre uma fresta na sólida porta que isola o mundo povoado por seres etéreos em que erigiu seu monumental palácio terrestre, do mundo habitado por criaturas de carne e osso.

Com o tempo, quem sabe, a fresta pode virar uma abertura capaz de permitir que outros assuntos mundanos possam entrar e circular livremente pelas inúmeras salas dessa fortaleza milenar transbordante de pó e ignorância.

Temas como o uso de camisinha como método anticoncepcional e de prevenção à aids, por exemplo. Ou o direito de a mulher decidir sobre o aborto. Ou de os seus próprios sacerdotes poderem constituir famílias, apenas para citar alguns mais triviais.

Como se vê, a importância de Darwin vai além de sua inegável contribuição ao avanço da ciência e do conhecimento humano. Feitos como o seu quebram não só paradigmas, mas também colocam mitos e lendas em seus devidos lugares, permitindo que a sociedade tenha mais condições de exercer sua capacidade de trasformação.

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