A campanha eleitoral para a prefeitura de São Paulo já começou. Kassab, Geraldo e Marta, os candidatos que realmente contam, já saem às ruas, dão entrevistas a jornais, rádios e TV. Por enquanto, apenas Marta definiu o tema da campanha - o caos do trânsito urbano. Kassab tem ficado na defensiva, procurando mostrar que seu governo fez mais que o da petista, e Geraldo... Bem, Geraldo nunca tem nada de importante a declarar. É como uma dessas agendas de fim de ano, de folhas sempre imaculadamente brancas.
Difícil para os candidatos será convencer o eleitor que São Paulo tem jeito, seja em que área for. Dos transportes, nem há mais o que falar - os especialistas calculam que, no máximo em cinco anos, a cidade viverá imersa num congestionamento de 24 horas, ininterrupto, sem fim.
Do pobre metrô, que tantas esperanças deu aos paulistanos quando foi criado, hoje só se têm notícias trágicas. Os corredores de ônibus, solução barata e eficaz, inexplicavelmente foram abandonados. A CET e seus equipamentos se encontram sucateados. As ruas representam a própria contradição capitalista: esburacadas, imundas, suportam desde enferrujadas e arquejantes kombis a reluzentes e velozes modelos da mais sofisticada - e cara - tecnologia.
E esse é o mais simples dos problemas que os nossos valentes candidatos terão de enfrentar. Há coisas do arco da velha nas áreas da saúde, da educação, da habitação, da segurança pública, do urbanismo, da cultura... São questões que se avolumam a cada dia, desde há muito tempo, numa cidade que foi crescendo inteiramente abandonada pelos que tinham a obrigação de cuidar dela.
São Paulo não tem mais jeito. Seu próprio gigantismo decretou seu fim. Nem que milhares de Morumbis e Pacaembus fosse enchidos com as boas intenções dos seus políticos e dos seus bons cidadãos ela poderia se salvar. É um paciente terminal que sobrevive à custa de aparelhos de última geração e modernas drogas estupefacientes.
As promessas de campanha devem ser entendidas apenas como isso - meras promessas.
Claro que há opções: existe um modelo, como o atual, que privilegia o superficial (vide algo chamado "cidade limpa"), o efêmero, o fingimento, a ilusão de que os Jardins são o coração e a alma da metrópole, que os personagens branquinhos e limpinhos queilustram as páginas da Vejinha, do Estadão e da Folha são os os habitantes de carne e osso da cidade; e existe quem acredite que governar é enfrentar a sordidez da realidade do dia-a-dia de milhões de excluídos.
É, esta vai ser uma campanha eleitoral bem interessante.
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