Um dos pontos mais fracos da administração tucana paulista é a sua polícia - civil e militar. Tem permanecido imóvel em sua estrutura medieval e foi incapaz de servir à altura uma sociedade que passou por transformações rápidas e radicais. Pratica os mesmos atos abomináveis do tempo em que era linha auxiliar da ditadura, sem perceber que os tempos são outros. Hoje, como instituição, vê seu nome manchado por sucessivos escândalos e episódios desabonadores.
Um dos mais recentes ocorreu na final do campeonato paulista de futebol, no jogo entre Palmeiras e Ponte Preta, no estádio Palestra Itália. Depoimentos de torcedores contestam as explicações oficiais para todos os incidentes depois da partida - que deixaram muitos feridos e por pouco não se transformaram em mais uma tragédia.
Nessa versão, disseminada pelos jornalões, os PMs foram provocados dentro do estádio por torcidas organizadas e tiveram de reagir e, fora dele, intervieram apenas para impedir que torcedores tresloucados invadissem o Palestra Itália, depois do jorgo terminado e o Palmeiras campeão.
Já os relatos de inúmeros torcedores mostram outra realidade - para eles a PM estava, desde que chegou para o seu trabalho, disposta a provocar os incidentes. Assim, sem nenhuma razão maior, investiu dentro e fora do estádio contra os torcedores. O problema é que, nessa espécie de vingança contra eles, acabaram atingindo, indiscriminadamente, crianças, velhos, mulheres, seja lá quem, por acaso estivesse em seu caminho naquele momento.
Tumultos em praças esportivas são comuns tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Infiltração de marginais em torcidas organizadas também. Nem por isso todos os seus integrantes são bandidos ou merecem ser tratados como tal. E nem por isso todos os jogos se transformam em campos de batalha. A polícia é treinada - ou deveria - para intervir apenas em casos extremos, pois qualquer um sabe que o controle de uma multidão é uma operação de alto risco, que pode ter conseqüências explosivas.
Porém, a PM paulista pensa diferente. Para ela, um jogo de uma só torcida, que foi ao estádio apenas para festejar, é uma boa oportunidade para dar exercitar a violência que se esconde atrás de suas fardas.
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