A emissora de TV paga Globonews, algumas rádios e sites noticiosos deram, outro dia, uma aula de como não deve ser o jornalismo. Tendo ao fundo a imagem de uma coluna de fumaça preta, a Globonews noticiava a queda de um avião em um prédio comercial no bairro paulistano de Campo Belo. Tudo indicava que o drama vivido pelo país no ano passado, com a queda do Airbus da TAM, iria se repetir.
O locutor dava mais detalhes: o avião era da empresa Pantanal. Não havia informações de mortos ou feridos, os bombeiros se dirigiam ao local. E continuava a repetir esses dados, claramente preocupado em esticar a matéria.
Até que veio o desmentido, primeiro da Infraero, depois da Pantanal: não havia ocorrido acidente nenhum. O locutor nem ao menos se desculpou e continuou a tratar aquela alguma coisa como o acontecimento do ano.
A quase tragédia acabou virando um incêndio em uma loja de colchões, informação depois corrigida para "uma loja de tapetes". Volta e meia, os telespectadores eram avisados sobre aquilo que viam: "No início a informação era de que um avião havia caído num prédio comercial..." A voz se esquecia, porém, de dizer que, no início, a informação era do próprio departamento de jornalismo da Globonews.
E, para reconhecer a firma da própria incompetência, ainda entrevistou a dona Maria, vizinha do imóvel incendiado. Nenhum repórter da emissora foi visto no local.
Claro que rádios e sites entraram na onda e noticiaram a queda de avião que - felizmente - não houve. O efeito manada funcionou às mil maravilhas: fulano dá uma informação sem pé nem cabeça nem nada de apuração, a concorrência dá eco ao disparate e a bagunça está feita.
É um filme velho. Que parece ser o maior sucesso desta temporada negra do jornalismo nativo.
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