domingo, 25 de maio de 2008

Capa nova

Houve quem saudasse o discurso de Barack Obama na Fundação Nacional Cubano-Americana, em Miami, a maior organização anti-castrista dos EUA, como uma clara indicação de que o provável candidato democrata à presidência pretende virar de ponta-cabeça as relações do milionário gigante com os primos pobres do sul.
Mas o que fará de tão revolucionário o presidente Obama? A julgar pelo que disse aos concidadãos cubano-americanos, pouca coisa.
Prometeu liberar as viagens a Cuba, mas não se dispôs a acabar com o embargo comercial.
Prometeu apoiar a Colômbia em sua luta contra as FARCs, como se o governo Bush não tivesse investido milhões de dólares no exército daquele país.
Disse considerar legítima uma "ação preventiva" contra os guerrilheiros se eles estiverem fora da Colômbia, ignorando o aval americano à ação empreendida pelo governo de Alvaro Uribe em pleno território do Equador.
Disse considerar o presidente venezuelano Hugo Chávez um fanfarrão que ignora as regras democráticas e navega perigosamente pelo mar de petróleo que inunda os cofres de seu país.
Disse, ainda, que os Estados Unidos devem voltar a se impor como líderes de todo o continente.
E constatou a óbvia deterioração da imagem americana no andar de baixo da América.
Esse não parece ser o discurso de alguém que pretende mudar alguma coisa. Obama simplesmente apresentou o velho e surrado livro de regras da boa vizinhança, que os presidentes americanos vêm passando de mão a mão através de décadas, com uma nova capa. Que, de diferente da anterior, mudou a cor e a tipologia, conservando, porém a diagramação e as imagens do fundo.

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