quarta-feira, 9 de abril de 2008

Faz-de-conta

Declarações em Brasília, onde foi cumprir compromissos de uma agenda cheia, deixaram os partidários de Geraldo Alckmin mais aliviados. Geraldo - é assim que prefere ser chamado para ficar mais íntimo do eleitor -, como se sabe, trava intensa batalha em seu quintal paulista a fim de sair candidato pelo PSDB à prefeitura de São Paulo. Seu oponente é o governador José Serra, que patrocina a candidatura do atual prefeito paulistano, Gilberto Kassab, dos quadros do PFL.
Geraldo e Serra estão longe de serem amigos. Mantêm um relacionamento apenas oficial, no qual sorriem para os fotógrafos e, algumas vezes, tomam cafezinhos juntos. Teriam tudo para serem inimigos cordiais se não fossem dois políticos de grandes ambições.
Geraldo, depois da surra que sofreu do barbudo em 2006, tenta se recompor e vê a prefeitura paulistana como tábua de salvação para seus projetos. Serra, todos sabem, também depois da tunda que levou do ex-metalúrgico, cumpre o ritual que, acredita, o conduzirá, em 2010, ao trono que ele julga seu de direito.
O problema imediato de Geraldo é que Serra é guloso e não abre mão da candidatura de Kassab. Se os dois se candidatarem, o eleitorado conservador se divide e quem sai lucrando é a ex-prefeita Marta Suplicy, que, tudo indica, aproveitou o racha entre tucanos e pefelistas para vencer seu primeiro obstáculo, que era construir uma aliança com o PMDB quercista.
Mas Geraldo é um sábio. Em meio a tantos contratempos é capaz de manter a serenidade e levar esperança a seus fiéis eleitores. Envolto pela algaravia provocada por afoitos jornalistas, tratou de emitir, no planalto brasiliense, sentenças definitivas, pela originalidade e sinceridade:
"Eu sinto que é a vontade do povo (ser candidato à prefeitura de São Paulo). Sou um candidato de partido."
"Devemos consolidar a unidade partidária. Não existem alckministas e serristas. Existem tucanos. Tucanos que amam o povo brasileiro e trabalham com determinação pelo país. O fato de ter discussão (dentro do PSDB) é muito bom. Mas só serei candidato se houver consenso."
"O que acontecer em 2008 não influenciará as eleições de 2010. As últimas eleições nos mostram que as pessoas separam bem as duas coisas. Em 2008 o que conta são as políticas locais."
Viram? É por essas e outras que Geraldo é considerado por muitos um administrador modelo, ideal para o país. Ele não só é capaz de construir um mundo de faz-de-conta, como se esforça para que os outros acreditem que ele existe mesmo.

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