A bomba virou um traque. A MP que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nas rodovias federais aprovada pela Câmara libera o comércio do produto nos trechos de rodovias federais que estejam dentro de municípios. Assim, a proibição fica praticamente restrita a postos de combustíveis e pequenos bares localizados em estradas mais isoladas dos centros urbanos. Ganhou o lobby das cervejarias e dos varejistas. A MP ainda tem de ser votada no Senado.
Já para o motorista, a MP é dura: quem for pego com até 0,6 gramas de álcool no sangue (de uma a duas latas de cerveja ou uma taça de vinho) será multado em R$ 957 e punido com infração gravíssima e sete pontos na carteira, que ficará suspensa durante um ano, e quem tiver ingerido mais de 0,6 gramas, responderá criminalmente e poderá pegar cadeia de três meses até três anos.
O relator da MP, deputado Hugo Leal (PSC-RJ), disse que a pressão da indústria e do comércio foi muito grande: "Há muito tempo não via um tema que chamasse a atenção de tanta gente e tão poderosos interesses." Até deputados da base governista se mostraram contrários à proibição completa da venda de bebida nas estradas. O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), foi um dos mais duros opositores da MP: "O governo tem é que punir o bêbado e não o cidadão de bem que é dono de bar." Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silv e um dos principais defensores da tese do terceiro mandato presidencial, também foi contra: "Essa medida não resolve nada."
Dessa maneira, de maneira melancólica, enterrou-se de vez uma iniciativa que poderia ajudar muito a reduzir o número de mortes provocadas por acidentes de trânsito. Com a fiscalização praticamente inexistente da polícia rodoviária, a lei será esquecida em pouco tempo.
Zeca Pagodinho agradece o esforço de todos e promete pagar mais uma rodada.
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