sábado, 15 de março de 2008

Direita já

A versátil Soninha, que se reveza nas funções de vereadora, comentarista de futebol e participante de programas de televisão, tem dado muitas entrevistas nesses dias em que se ajustam as peças para as eleições municipais.
Como se sabe, Soninha foi eleita vereadora pelo PT, mas trocou o partido para concorrer à prefeitura paulistana pelo PPS. Dizem que a decisão teve o incentivo do governador tucano José Serra, que tenta emplacar na disputa seu afilhado, o atual prefeito Gilberto Kassab, do antigo PFL, hoje DEM. Para Serra, Soninha seria capaz de tirar votos do eleitorado jovem que iriam para Marta Suplicy.
Mas há quem veja a presença de Soninha na corrida à prefeitura apenas como uma tentativa de valorizar seu passe. Ou seja, com o tempo, ela acabaria aceitando sair como vice de Kassab.
Nas entrevistas que tem dado, ela jura que não. Diz que está no PPS justamente porque o partido lhe dá a oportunidade de exercer a política que sempre sonhou. Fala que foi horrível permanecer no PT e que não pode se aproximar do PSDB e do DEM porque é de esquerda: "Deixei o PT para ir para um partido de esquerda."
Talvez por ter se envolvido em inúmeras atividades nesses últimos anos, dos quais se destaca a sua atividade política - é bom lembrar que ela é autora do projeto que instituiu em São Paulo o Dia da Música Eletrônica - Soninha não tenha notado que o PPS não é um partido de esquerda
Desde que rompeu com o governo Lula por não ter conseguido os cargos que pleiteava, tem sistematicamente se alinhado com o que de mais atrasado existe no Brasil em matéria política. Como é insignificante, suas ações passam desapercebidas. São tão obscuras que nem os políticos profissionais têm notícias delas.
Passado o ardor da refrega, quem sabe sobre mais tempo para Soninha se informar, estudar um pouco e finalmente se tornar apta a distinguir o que é esquerda e o que é direita neste país.

4 comentários:

  1. Se tiver mais tempo (não sei quais são as suas atividades...), dê uma olhada no meu site e no blog "de política" - você vai ver que eu fiz muito, mas muito mais do que um mero projeto de lei que instituiu, no calendário oficial, o Dia da Música Eletrônica (para tentar preservar um evento que já acontecia durante a administração anterior e não tinha nenhuma garantia de continuidade e apoio do poder público, apesar de cultura e eventos serem dois dos grandes atrativos e, portanto, motores econômicos da cidade). Aliás, como vereadora, é muito mais significativo ver o que não fiz do que o que fiz, uma vez que ter me recusado a participar de alguns "acordões" acabou impedindo a aprovação de alguns projetos. E é um pouco tosca a visão de que vereador é um "fazedor", um realizador - o Parlamento é (ou deveria ser) o lugar do debate, dos grandes debates sobre a cidade. Essa coisa de "o que você fez", igualando fazer a "aprovar leis", é de simplismo o atroz. Sobre o PPS: "cargos que pleiteava"? Putz, tem gente que só pensa nisso mesmo - apóia se tiver cargos, rompe se não tiver. Existem outras condutas possíveis, sabia? Sobre alinhar-se com "o atraso" - e o PT, a quem você parece defender, tem se alinhado com quem, hein? As forças "mais modernas" deste país ou aquelas atrasadas de sempre? É bonito ter o Jader Barbalho como aliado? Abs,Soninha.

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  2. Prezada vereadora Soninha:
    é meio óbvio que eu tenha destacado o Dia da Música Eletrônica como sua maior realização, pois foi a mais divulgada publicamente.
    Não conheço os bastidores da Câmara Municipal de São Paulo para saber da importância do que você deixou de fazer - gente comum, como eu, costuma ser informada pela mídia e ela, em 99% das vezes, reflete o que é visto e não o que está escondido.
    Mas acho que um político deve ser julgado também pelas suas realizações. Pode ser que este seja um pensamento "tosco", porém prefiro julgar um homem público pelo que ele faz do que pelo que ele diz que faz.
    Não tenho nada contra ninguém ser de direita, ou de esquerda, ou de centro, desde que essa pessoa realmente assuma suas posições. Para mim é evidente que o PPS não é um partido de esquerda e ele deixa isso bem claro ao se alinhar com o que de mais reacionário existe no Brasil. Ou o tal de DEM é progressista?
    Não sou tão bobo para não ver que o PT de hoje se alinhou com figurinhas bem esquisitas (para o meu gosto). Também não sou ingênuo de achar que ele iria conseguir governar sozinho, com o peito aberto e a gritar slogans revolucionários, mais do que, digamos, uns seis meses, antes que esse pessoal paparicado pelo PPS expulsasse o ex-metalúrgico de Brasília.
    Bem, essas são apenas algumas considerações sobre seu simpático comentário.
    Desejo a você toda a sorte do mundo em sua empreitada política. Se nós discordamos em alguns pontos, pelo menos concordamos que neste ano o Verdão está demais.
    Abraços democráticos
    Carlos Motta

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  3. Carlos,

    O Dia da Música não foi "a mais divulgada publicamente" (meus votos contrários a um PL sobre o Conpresp e outro sobre o TCM foram muito comentados e debatidos; a CPI do trabalho escravo, da qual fui relatora, também, entre outras coisas); ainda que fosse, justamente por você ser alguém que sabe que pode (ou deve) desconfiar da mídia, não poderia tomar o que ela diz como parâmetro e associar "mais divulgado" a "mais importante".
    Não me refiro ao que fiz ou deixei de fazer escondido, nos bastidores, mas ao que eu mesma tornei público no meu site. Tenho certeza que uma das minhas melhores qualidades como parlamentar não é fazer ou deixar de fazer, mas expor e explicar os trâmites, bastidores ou mesmo as entranhas da Câmara Municipal.
    É justo julgar um homem público pelo que ele "faz"; o que eu quero dizer com "tosco" é que o Parlamento não é exatamente um lugar de realizações palpáveis. Eu participei, por exemplo, da Comissão de Estudos do Aquecimento Global, e foi fabuloso. Esses estudos passam a subsidiar tanto as atividades legislativas da Câmara quanto a fiscalização do Executivo. E fiscalizar é uma atividade permanente, incessante, não uma ação que possa ser relacionada como "realização".
    E não se esqueça que o processo legislativo vai além de apresentar projetos; o modo como um parlamentar se posiciona em relação aos projetos dos colegas e do Executivo é muito importante. E eu tenho sempre critérios rigorosos para votar.
    Sobre direita e esquerda: se eu fosse de direita, não teria nenhum problema em dizer. Você deve saber que eu não costumo esconder minhas opiniões, mesmo que elas sejam desfavoráveis a mim. Qual o sentido de alguém ser de direita e dizer-se de esquerda? Por um acaso obtém vantagens com isso?
    O PPS não se alinha ao DEM, embora já tenha feito parte da coligação dos tucanos (que, quase sempre, inclui o DEM). No momento, o PPS tem algumas pessoas na administração do Kassab. Mas o PT também tem, sabia? Bem como o PV, o PDT...
    Uma coisa é participar da administração. Outra é "alinhar-se".
    Já o PT tem, na sua base, o PTB, o PP, o PR, o partido do Crivella. Seriam forças "progressistas"? Fala sério! O PT até já retirou apoio a alguns projetos no Senado apenas para não contrariar os evangélicos governistas. Sei porque ainda tenho amigos petistas em tudo quanto é lugar, que se queixam comigo...
    Mas eu sei separar as coisas. O PCdoB e o PSB também são da base do governo. Será que pelo fato de os partidos estarem no mesmo barco, a Erundina e o Maluf são, os dois, de direita???
    Claro que não.
    Nem o PT deixou de ter gente de esquerda - apesar de a política econômica do governo Lula, ainda que mais bem sucedida, seja parecida demais com aquela que a gente sempre criticou.
    (Desculpe, fui lendo a mensagem aos poucos e respondendo aos pedaços, e nem vi que no seu texto você já dizia mais ou menos o que eu reafirmo logo acima).
    Enfim, se o PPS tem tropeços na sua história (ter tido o Blairo Maggi em seus quadros, por exemplo - ou os dois vereadores que elegeu em 2004!). Mas a grande diferença do PT e do PPS, agora, é o Partido Socialista me procurar para dizer "queremos melhorar". E não ter tanto rabo preso, tanto comprometimento, tanto contorcionismo para fazer, tantos ovos sobre os quais tem de pisar... Eles estão admitindo que, depois de alguns momentos muito interessantes na sua história - e se você visse a orgulhosa velha guarda de homens e mulheres comunistas, felizes da vida com a brisa de renovação nos quadros do partido, ficaria comovido - caíram em um quase limbo, um marasmo, especialmente aqui em São Paulo. Não têm cara, não têm posturas claras, não têm bandeiras. Não querem mais ser "contra corrupção" (e eu odeio aquela babaquice do nariz de palhaço), apenas; querem dizer o que propõem.
    Obrigada pela atenção, sinceramente,
    Soninha
    PS Verdão Eô

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  4. Prezada vereadora Soninha:
    acho que realmente você é a melhor pessoa para saber o que fez ou não de importante na vida pública até agora. Mas, no fim, o julgamento é mesmo do eleitor, que se baseia, creio, em várias aspectos para validar ou não o mandato de seu parlamentar, incluído entre eles a fidelidade ideológica.
    E é nesse ponto que julgo importante a discussão sobre saber discernir direita e esquerda no país. Claro que incluo o velho Partidão entre as forças progressistas, mas daí a dizer que o PPS de Roberto Freire é seu sucessor, vai uma distância imensa. Quanto ao PT, creio que também hoje não seja mais um partido de esquerda, no sentido mais ortodoxo do termo. Continua, como sempre foi, um ajuntamento de tendências variadas, entre as quais, infelizmente, oportunistas e assemelhados.
    Por isso estranhei quando você abandonou seus quadros. Pensei que, por ser mais uma entre as várias tribos a habitar o partido, você iria continuar brigando pelo seu espaço e suas idéias.
    Bem, mas agora isso é passado. Você já escolheu sua nova casa e parece que está contente com ela. Se ela fica à esquerda ou à direita, é só uma questão de ponto de vista. Cada de um de nós, felizmente, tem o seu.
    Continuo achando o PPS um engodo e o Verdão o melhor time do mundo.
    Abraços democráticos.
    Carlos Motta

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