sexta-feira, 1 de abril de 2016

E O Globo sentiu o golpe...

No Estadão de antanho, onde trabalhei por 18 anos, alguns nomes ou palavras eram vetados:

1) Adhemar de Barros virava A. de Barros;

2) Leonel Brizola, "caudilho"

3) Orestes Quércia, "governador";

4) Paulo Maluf, durante muito tempo, foi inominável.

Dizia a lenda que a gente não podia escrever "azar" - trocava-se por "falta de sorte", mas não posso afirmar se isso era verdade ou não: se editei algum texto com "sorte", ninguém reclamou.


Os veto eram informais, não constavam do manual de redação, que proibia apenas termos chulos, popularescos ou em desuso.

Certa feita, tive de escrever um título para uma chamada da primeira página que se referia a uma notícia sobre o governador Orestes Quércia.

Eram três linhas de até nove toques.

Quércia estava vetado, tinha de usar, então, "governador", que não cabia naquele minúsculo espaço.

Passei o pepino para o editor da primeira, que, depois de quebrar a cabeça, mudou a diagramação.

Como nunca fui funcionário de O Globo, não sei se o jornalão carioca adota essas práticas idiossincráticas do Estadão.

Mas pelo que se vê, sim.

O jornal tem feito um esforço enorme para dizer que o golpe em curso no Brasil para tirar a presidenta Dilma do Palácio do Planalto não é um golpe.

Dá para perceber que o uso do substantivo masculino "golpe" ("retirada do poder de um governo pelo uso da força, geralmente através de ações militares: golpe de Estado", segundo o Dicionário Online de Português), está cada vez mais escasso em suas páginas, de papel ou virtuais.

O próximo passo será, talvez, bani-lo definitivamente.

Numa análise rápida e superficial sobre essa providência editorial, acho que ela será tomada porque, com o perdão do trocadilho, o Globo sentiu o golpe. (Carlos Motta)

2 comentários:

  1. Já estamos elaborando uma lista de produtos anunciados na Globo para boicote.

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  2. ANUNCIOU NA GLOBO... EU NÃO COMPRO.
    A GLOBO NÃO PRECISA DE NÓS ELEITORES DA ESQUERDA!
    Esmeraldo Cabreira. Mestre e Doutor UFRGS.

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