Crise, crise. E os empreendedores não empreendem...

Escrevi, não faz muito tempo, uma croniqueta na qual me dizia surpreso pelo fato de que o comércio em geral, em meio a uma apregoada profunda crise econômica, que faz as vendas declinarem mês a mês, não se mexe, não faz promoções, e atua como se nada de anormal estivesse ocorrendo no país.

A conclusão óbvia a que cheguei indicava duas alternativas: ou a tal crise não é tão aterradora assim, ou os comerciantes são umas bestas incompetentes por aceitarem passivamente os efeitos deletérios da recessão em seus negócios.

Recentemente tive duas experiências que reforçaram minhas suspeitas de que a propalada crise não é esse bicho-papão que pintam por aí.

A primeira delas envolveu uma loja de comércio eletrônico, que demorou um mês para entregar um produto que comprei, sob a alegação de que o pedido foi feito no fim de ano e sabe como é, nesse período as encomendas aumentam...

A segunda foi quando pesquisei preços de óculos de sol em várias óticas de Amparo e Serra Negra, onde moro - R$ 140 foi o preço mais baixo que encontrei.

No primeiro caso, a minha suspeita é que a entrega do produto demorou uma eternidade não porque as vendas de Natal tenham aumentado a ponto de sobrecarregar de tal maneira a logística da loja: acho que, na verdade, ela é mesmo uma empresa ruim, que não tem estrutura para atender bem seus clientes.

No segundo caso, tenho certeza de que os donos das óticas são daqueles tipos que preferem vender um produto com uma margem de lucro absurda do que dez outros com margens menores.

Seja lá como for, me surpreende o fato de que os comerciantes, com raras exceções, não movam um músculo sequer, não façam o mínimo esforço, para ao menos tentar passar incólumes pela crise que tanto, como gostam de dizer, os prejudica.

Ou talvez eu esteja esperando muito deles, esteja vivendo na ilusão de que são capitalistas, empreendedores, adeptos da livre iniciativa.

Pobre de mim, tão ingênuo...