segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A miserável terra dos doutores

O Brasil é o país dos doutores.

Em cada esquina há uma placa indicando algum.

O médico é doutor.

O dentista é doutor.

O veterinário é doutor.

O advogado é doutor.

O engenheiro é doutor.

O dono da fábrica de parafusos é doutor.

O fazendeiro é doutor.

O delegado de polícia é doutor.

O juiz é doutor.

O promotor público é doutor.

O sujeito bem vestido, de terno, só pode ser doutor.

O interessante é que, com tantos doutores, a burrice cresce exponencialmente no país e a ignorância se agarra, como craca, às consciências.

Graças à redes sociais na internet ficou fácil perceber esse fenômeno.

Doutores os mais diversos são flagrados nelas a todo instante distribuindo coices na lógica, na história, na gramática e na ética.

É como se eles fizessem questão de mostrar ao mundo inteiro como são desprovidos de qualquer lampejo cognitivo.

Fazem isso sem nenhum pejo, pois afinal são doutores.

No dia a dia usam e abusam desse título, muitas vezes obtido numa dessas uniesquinas da vida que afrontam a ideia de que a educação é um processo relevante para o ser humano superar a barbárie.

Ai de quem, num desses consultórios médicos ou odontológicos que vivem superlotados, não chamar o especialista em viroses ou o expert em extrações de doutor.

O mesmo se dá com o rábula que bombou "n" vezes no exame da OAB ou com o tira que comprou o diploma para ostentar um anelão cafona no anular.

Eles, por serem doutores, se julgam acima de todos os outros, os cidadãos comuns, os ordinários.

Como tais, assim titulados, se permitem certas liberalidades, como, por exemplo, fraudar o Imposto de Renda.

São doutores nessa matéria - e em tantas outras que prezam a esperteza, o jeitinho, o toma lá dá cá, o "sabe com quem você está falando?"

O fato é que, com tantos doutores a habitá-lo, o Brasil deveria ser a nação mais desenvolvida do universo, o pináculo do pensamento científico, o cume da moralidade, o ápice da igualdade social, o Everest da distribuição de renda.

Mas cá estamos nós, encolhidos numa mediocridade que se apequena a cada dia, que nos arrasta de volta a um passado tenebroso e maldito.

Esse passado que nos legou tantos doutores - tantas mentes desprovidas de uma ínfima centelha de racionalidade e caráter.

7 comentários:

  1. Cacilds. Pega leve dotô, digo professor.

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  2. ...É como se eles fizessem questão de mostrar ao mundo inteiro como são desprovidos de qualquer lampejo cognitivo...

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  3. É isso mesmo seu Adir. O cara se acha melhor do que os outros, só porque lampeja, na hora de fazer côcô guinitivo. Bobagem, todo mundo faz côcô igual.

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  4. Esse negócio de lampejar pra fazer côcô guinitivo, deve ser um aparelho de luxo, importado pelo Doria Jr. Com certeza!

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  5. Um dia eu ainda vou ter um aparelho desses. Sou pobre, mas tambem sou filho de Deus.

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  6. Prezado Anonimo. Suas preces foram ouvidas. Existe um similar chines, mais barato, do "lampejador para fazer côcô guinitivo". A venda no Magazine Luiza.

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  7. Matou a pau "Sabe com quem está falando?".

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