Higienópolis se protege e tem até botão antimendigo

Uma informação para quem não conhece São Paulo: o bairro de Higienópolis é de classe alta e média alta, com muitos prédios antigos, bem conservados, ruas arborizadas, perto do centro da cidade, e onde mora, entre outros endinheirados, o ex-presidente FHC.
Num passado próximo, seus moradores rejeitaram a construção de uma estação do metrô, sob a alegação que ela traria àquele paraíso "gente diferenciada".
Hoje, a Folha publica uma interessante matéria sobre o bairro - ou melhor, sobre a personalidade de seus habitantes: Moradores de Higienópolis começam a testar 'botão de pânico' é o seu título.

Ela começa assim:
"Moradores, trabalhadores e policiais militares de Higienópolis, bairro nobre na região central de São Paulo, começam a testar, hoje, uma rede digital para a comunicação de crimes e outros problemas.
O sistema, uma espécie de 'botão de pânico' terá como base um aplicativo para smartphones. Ele agrega usuários previamente cadastrados por meio de endereço, e-mail e número de celular."
E segue assim:
"No caso de Higienópolis, o aplicativo será usado, inicialmente, para conectar um grupo de moradores, porteiros de edifícios, taxistas, funcionários de escolas, o dono de uma banca de jornal e policiais que fazem o patrulhamento da área.
Por iniciativa do Movimento Brasil Merece Mais, formado por cerca de 300 integrantes, 14 celulares serão doados a porteiros, taxistas e escolas, todos já cadastrados no aplicativo gratuito Agentto. Outros dois telefones, também ligados à rede, ficarão com os PMs.
O app tem funções de alerta e de pânico. Ao acioná-lo, o usuário envia uma mensagem direta a todos os cadastrados no grupo do qual faz parte.
Até esse ponto a matéria descreve o comportamento típico dos paulistanos ricos, paranoicos com a sua segurança. 
O que vem a seguir é que merece atenção:
"Há também uma opção polêmica: 'andarilho ou pedinte', que não representam um problema policial.
A função "suspeita" prevê mensagens sobre sequestro, roubo ou furto, tráfico de drogas, outros crimes e até mesmo bullying."
O texto é claro, autoexplicativo. 
Os botões também.
Portanto, todos os que, por um motivo ou outro, tiverem de ir ao chique e exclusivo bairro paulistano de Higienópolis, caprichem no visual. Nada de usar roupas velhas, barbas e cabelos desgrenhados.
Olhar para os lados também pode ser uma atitude suspeita, que pode resultar numa abordagem da simpática PM paulista.
Higienópolis, até que enfim, está fazendo jus ao seu nome: cidade da higiene.
É um outro Brasil, bem mais civilizado, limpo, higiênico, incrustado no Brasil real, este que bem conhecemos.

P.S. : o idealizador do aplicativo Aggento, Sérgio Paim, escreveu ao blog. Aí vai a sua mensagem:

"Olá Motta,

Sou o idealizador do Agentto. 

Entendo a sua preocupação e gostaria de esclarecer que o Agentto é uma solução pensada inclusiva desde a sua gênese (vide nossos princípios em http://bit.ly/18THrjP).

Convido você a ler nossa a Brochura institucional (http://sdrv.ms/Z6C2A8), especialmente no tópico "CONSCIÊNCIA SOCIAL – O PONTO DE VISTA DE UM PAÍS EM DESENVOLVIMENTO".

A mobilização em Higienópolis aconteceu após aquele dramático assassinato do funcionário Colégio N.S. de Sion (http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/06/homem-e-baleado-em-tentativa-de-assalto-na-av-higienopolis-diz-pm.html).

Abraços,

Sérgio"