segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Itamaraty adota novo estilo com foco no social

Figueiredo: Itamaraty mais participativo
(Foto: Valter Campanato/ABr)

Há pouco mais de uma semana no cargo, informa a Agência Brasil, o novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, de 58 anos, que substitui Antonio Patriota, já demonstra como será seu estilo de coordenar a diplomacia. Ele abriu a agenda a embaixadores aposentados, interessados em dar sugestões, e orientou a equipe que quer uma diplomacia focada nas questões sociais, na defesa dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável.
Com 33 anos de carreira diplomática, Figueiredo é conhecido no Itamaraty por participar diretamente de grandes negociações multilaterais. A característica fez dele uma pessoa pouco afeita aos limites dos gabinetes. Ao assumir, no dia 28, determinou a descentralização de várias áreas concentradas no gabinete do ministro.

Acostumado a longas negociações, Figueiredo determinou aos diplomatas, segundo a Agência Brasil, que, daqui para a frente, devem ser elaboradas, com antecedência, minutas sobre os temas que serão abordados nas discussões previstas. Mesmo que os documentos sejam refeitos em cima da hora, ele quer que se torne um hábito a preparação das chamadas minutas.
Paralelamente, deixou claro que pretende reforçar a proposta de lançamento de consultas públicas sobre assuntos de interesse nacional que envolvam diretamente o Itamaraty. Recentemente, o ministério abriu à discussão pública a proposta do Brasil para combater o trabalho infantil, levada para a Organização das Nações Unidas (ONU).
Para o ministro, é fundamental ampliar o espaço de discussões nas redes sociais Twitter e Facebook, assim como no blog do Itamaraty. Em conversas com assessores, ele costuma dizer que esses são os canais de contato com a sociedade civil, o que define como diplomacia pública.
Figueiredo conquistou, nos últimos dias, de acordo com o noticiário da Agência Brasil, a confiança e o respeito dos embaixadores antigos. Ele recebeu alguns em seu gabinete e com outros, conversou por telefone. Cada um alternou desejos de sorte com sugestões, o novo chanceler ouviu e anotou comentários.
Formado em direito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Figueiredo começou a carreira diplomática em 1980. Ele trabalhou em postos em Nova York e Washington (Estados Unidos), Santiago (Chile), Ottawa (Canadá) e Paris (França). Como chefe de delegação em conferências, reuniões e cúpulas, destacou-se como negociador firme, mas paciente.
Figueiredo foi o negociador-chefe da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho de 2012, no Rio de Janeiro. Na ocasião, mostrou habilidade e conquistou a confiança da presidenta pela disposição em negociar pacientemente com os que resistiam a acordos. Mas eles se conheceram na Conferência das Partes (COP), na Dinamarca, quando a presidenta ainda estava na Casa Civil.
Depois da Rio+20, Figueiredo Machado foi nomeado representante do Brasil na ONU. A nomeação para a organização é considerada, entre os diplomatas, valorização do profissional, pois a entidade é o principal órgão internacional de negociações multilaterais. O cargo agora será ocupado pelo ex-chanceler Antonio Patriota.
Figueiredo tem nestes dias uma delicada missão. Nos próximos dias, o governo dos Estados Unidos deverá prestar esclarecimentos ao Brasil sobre as denúncias de espionagem à presidenta Dilma Rousseff, a assessores e cidadãos brasileiros. A previsão, segundo Dilma, é que Figueiredo converse com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice o mais breve possível. 
Na semana passada, em São Petersburgo (Rússia), durante a cúpula do G20, Dilma e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conversaram sobre o mal-estar causado pelas denúncias de espionagem. Segundo ela, Obama prometeu responder às perguntas encaminhadas pelo governo do Brasil. De acordo com a presidenta, se for necessário, voltará a conversar com Obama.

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