Tombini: a percepção é pior que a realidade (Foto: Valter Campanato/ABr) |
Garantiu que a inflação deste ano vai ser menor que a do ano passado e que a atividade industrial dá sinais de aquecimento.
Tombini deveria se encontrar mais com os representantes da "livre iniciativa".
Afinal, a fonte para as pesquisas e as notícias que colocam o país no fundo do poço são os próprios empresários.
E aí se coloca o velho dilema: Tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?
A coisa funciona mais ou menos assim: os nossos empresários "vendem" as más notícias porque ficam sabendo delas pelos jornais, ao mesmo tempo em que elas chegam aos jornais por meio dos nossos sábios empresários.
Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?
Os últimos dados sobre o comportamento da inflação, entre eles o do IPCA, índice oficial, mostram que o carnaval que se fez até agora, aquele escândalo todo em torno do tomate, era apenas mais uma tentativa da turma do contra para desestabilizar o governo - e muita gente acreditou que os preços estavam completamente fora de controle.
O mesmo ocorre com os números da atividade econômica, que, embora ainda modestos, são indicativos de que o Produto Interno Bruto do país crescerá neste ano entre 2,5% a 3%, o que, convenhamos, não é uma expansão desprezível na atual conjuntura mundial e na própria situação em que o governo trabalhista foi colocado pelas forças da oposição, bombardeado por todos os lados, tendo de apagar um incêndio diário - a estratégia é essa mesmo, a de semear o "quanto pior, melhor".
O discurso de Tombini aos empresários deveria ser replicado e amplificado por todos os que não querem que o Brasil retorne aos tempos da Casa Grande e Senzala.
Não se trata de convencer esses "patriotas" que dão o suor e o sangue em prol da prosperidade de todos nós - industriais, banqueiros, ruralistas, empresários em geral - de que o Brasil que eles veem não é esse que os jornalões retratam diariamente.
Eles sabem disso, pois, afinal, se estivessem tão mal como dizem, a ruína do país estaria evidente, saltaria aos olhos e seria facilmente detectada pelas inúmeras pesquisas que as mais diversas entidades fazem.
Empresário é assim: ele nunca, ou talvez, só sob tortura, vai dizer que a situação está boa, que seu negócio vai indo de vento em popa, que vive no melhor dos mundos.
Não, ele vai sempre reclamar, dizer que paga muito imposto, que o "custo Brasil" é elevado, que é preciso mudar a CLT - e que o governo, sempre ele, precisa ajudá-lo.
No fundo, o recado que Tombini passou aos empresários foi o seguinte: não somos bobos, sabemos muito bem o que vocês querem.
Ah, como seria bom se o governo federal tivesse alguém para cuidar da comunicação...
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