O Supremo agrada a turma do contra, mas é preciso cuidado com os chicaneiros (Foto: José Cruz/Abr) |
A mesma turma do contra tem em seus quadros muitos integrantes do Legislativo, que usam os seus mandatos muito mais para atrapalhar qualquer iniciativa do governo federal do que para propor alguma coisa que preste - que é a função do legislador.
Esse pessoal é bem articulado, pois, afinal, conta, em suas fileiras, com a fina flor da oligarquia nacional, gente endinheirada, poderosa, com influência em todos os setores de atividade.
Dessa forma, eles estão presentes em tudo o que a gente possa imaginar.
Depois de assistir ontem àquela cena vexatória promovida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que acusou seu colega, o ministro Ricardo Lewandowski, de fazer "chicana" no julgamento de embargos da AP 470, tive uma séria dúvida: se um juiz da mais alta corte é capaz de fazer o que fez em frente às câmeras de televisão, imagine o que não faz a sós, em seu gabinete, onde tem a responsabilidade de julgar milhares de processos...
Qualquer pessoa, mesmo a mais desinformada, sabe que o Judiciário brasileiro não é lá flor que se cheire, que a Justiça que se pretende fazer no Brasil é demorada e seletiva, e que os ricos têm muito mais chances de se sair bem em um processo do que os pobres coitados que mal e mal podem pagar um advogado.
Mesmo assim, com todos esses defeitos, o Judiciário ainda consegue passar para muitas pessoas a imagem de um poder incorruptível, de que é a única e última esperança de livrar o país de todas as imoralidades que o assaltam cotidianamente.
O julgamento da AP 470 mostrou que as coisas não são bem assim, que a Justiça pode, perfeitamente, ser ajustada aos interesses de qualquer grupo, facção, classe, categoria, ou seja lá o que for.
No caso específico, os juízes do Supremo usaram a AP 470 para mostrar ao país que uma organização pretendia se perpetuar no poder se valendo de métodos criminosos. Não por acaso, essa organização era o partido político que havia vencido a eleição presidencial de 2002...
A turma do contra será sempre grata aos ministros do Supremo pelo que eles fizeram.
Não a todos, como se viu na quinta-feira.
Há alguns que são incômodos, uma pedrinha chata no sapato de pelica só encontrado nas melhores casas do ramo.
Chicaneiros, devem ser postos em seus devidos lugares.
Custe o que custar.
Afinal, o futuro do país está em jogo - e a turma do contra não brinca em serviço.
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