quinta-feira, 4 de julho de 2013

Brasil e Egito, nada a ver


A comparação é inevitável - e extremamente desagradável.
Já há gente preocupada com que os ares que veem do Egito, ares carregados do forte cheiro de pólvora, contaminem o Brasil.
Neste mundo maluco de hoje, em que até aviões presidenciais são vistos como transporte de meliantes ou muamba, todo cuidado é pouco.
Mensagens nas redes sociais e faixas bem produzidas nos "protestos" de rua ensaiam um coro, quase inaudível ainda, pela volta dos militares ao comando do poder civil.
Lógico que 99,99% desses apelos são feitos por integrantes da extrema-direita, e o restante que os apoia não tem a menor noção do malefício que a ditadura militar fez ao Brasil.
O tal golpe que muita gente acha que está em curso no pais é diferente.
Ele visa impedir que o PT e aliados continuem a mandar o Executivo a partir de 2014.

Quer atrapalhar os projetos da administração, brecar os avanços sociais que têm sido feitos nestes dez anos e impedir que a gestão trabalhista continue depois de 2014.
Óbvio que, se no meio do caminho surgir uma oportunidade para acelerar o processo, ela será bem-vinda.
Este terremoto "cívico" que se abateu no país é um exemplo disso.
A extrema-direita, a oposição, a turma do contra. os esquerdinhas ressentidos, corporativistas de todos os matizes, setores de classe média, todos viram nele uma excelente oportunidade para pegar uma carona.
Mas o Brasil de hoje não é, interna e externamente, o de algumas décadas, nem mesmo o de dez anos atrás.
Falta muito ainda para que possa ser definido como uma democracia madura e consolidada, mas deu passos largos nessa direção.
Nem mesmo o mais canalha parlamentar, o mais retumbante cretino ou o  mais perfeito idiota vai querer jogar no lixo a extraordinária oportunidade que está tendo, hoje, em seu país, de encontrar a felicidade - seja ela expressada por uma conta bancária mais gorda ou até pelo prazer doentio de xingar os, como dizem, "petralhas".
A democracia é assim mesmo, uma notável bagunça.

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