quarta-feira, 5 de junho de 2013
A própria indústria diz que retomou o crescimento
O insuspeito Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), entidade criada em 1989 por um grupo de empresários, acha que a indústria brasileira voltou a trilhar "o caminho do crescimento", depois de avaliar os dados do IBGE sobre o setor divulgados ontem.
Não são, portanto, integrantes do governo que veem a indústria retomar um ritmo acelerado de atividades, mas os próprios técnicos de um instituto pago pelos empresários, o que torna a análise da conjuntura econômica ainda mais isenta.
Em comunicado publicado em seu site, o órgão diz que "no entanto, a intensidade dessa retomada deve ser vista com ressalvas, pois ela está 'inflada', ou ainda, ela reflete efeitos de fatores pontuais que estão 'jogando para cima' os resultados da atividade industrial".
Os técnicos do instituto ressaltam os dados do IBGE: "A nova trajetória de crescimento é marcada pelo segundo resultado positivo da produção industrial em abril (1,8%), após o aumento de 0,8% em março – taxas de variação calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Na comparação com abril de 2012, a atividade produtiva da indústria avançou 8,4% em abril deste ano. Observa-se também que o último mês de abril foi positivo para todos os grandes setores da indústria: a produção de bens de capital cresceu 3,2%; a de bens duráveis, 1,1%; a de bens intermediários 0,4%; e a bens semi e não duráveis, 0,9% – taxas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. E mais: a produção de bens de capital cresceu, na margem, pelo terceiro mês consecutivo; e as produções dos setores de bens duráveis e de bens intermediários apresentaram aumento, também na margem, pelo segundo mês consecutivo."
Para eles, "portanto, há um conjunto de dados que mostram que a indústria está de fato recuperando seu crescimento". Apesar disso, dizem que "alguns índices estão eivados por fatores específicos": "A produção de bens de capital reflete, em boa medida, o crescimento espetacular de caminhões que vem sendo registrado desde o início deste ano (em contraposição ao também espetacular recuo ocorrido no início de 2012). No setor de bens duráveis, os bons índices de produção ainda refletem os incentivos fiscais à produção de veículos. Por outro lado, o movimento de retomada da produção industrial ainda não é generalizado: dos vinte e sete segmentos pesquisados pelo IBGE, em dez a produção recuou ou ficou estagnada em abril frente março, com ajuste sazonal. Além disso, ao se comparar abril deste ano com abril de 2012, os resultados exuberantes da produção (24,4% em bens de capital; 14,9% em bens duráveis; 5,2% em bens semi e não duráveis; e 5,0% em bens intermediários) se devem à baixa base de comparação e ao fato de que o quarto mês deste ano tem dois dias úteis a mais do que o mesmo mês do ano passado."
O resumo da ópera, para os técnicos do Iedi, enfim, é o seguinte: "Ainda que com menos vivacidade do que alguns de seus índices sugerem, a indústria nacional retomou sua trajetória de crescimento. É mais provável que a produção industrial esteja crescendo no ritmo do setor nuclear da indústria, qual seja, o setor de bens intermediários, cujas taxas de crescimento foram de 0,5% e 0,4%, respectivamente, em março e abril – taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Algo não tão espetacular, mas muito bem-vindo."
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