Um dos aspectos mais indignos desta crise financeira global é o papel que nela tiveram os chamados analistas de mercado, profissionais pagos por instituições financeiras para prever cenários.
Na quase totalidade, as pautas dos jornais especializados em economia e das editorias econômicas dos jornalões brasileiros são cantadas por essas pessoas. De maneira nada discreta, esses "economistas" abarrotam as redações com seus "papers", como denonimam os achismos e as profecias que fazem.
Impressionante é que tais trabalhos são aceitos como sérios por jornalistas experientes, sem atentar ao fato de que 100% deles têm o viés financista, ou seja, a visão unilateral de quem está a soldo do mercado.
Essa é uma das razões que explicam a unicidade de pensamento da imprensa nacional em questões econômicas. As fontes são sempre as mesmas, os interesses, idem. Por preguiça, por questões de má formação profissional ou mesmo por imposição de horários apertados de fechamento, o contraditório é completamente esquecido. Fica apenas a opinião, ou a explicação, do sujeito que trabalha - e é bem remunerado por isso - para bancos, corretoras, financeiras, associações de classe e congêneres. Sem contar com a legião de ex-ministros que montaram "consultorias" - e vão muito bem, obrigado.
O fato é que nenhum dessas personalidades que povoam o noticiário econômico nativo foi capaz de sequer dar uma mínima indicação do que estava por acontecer. Hoje, se fazem de estarrecidos "com o tamanho e a profundidade da crise" - como todos os outros bilhões de meros mortais que habitam o planeta Terra.
E, mais estarrecedor que isso, é constatar que a imprensa ainda dá a ouvidos a essa gente, verdadeiros papagaios que fizeram fama repetindo dogmas temperados com um patuá incompreensível e de forte sabor ideológico.
Como a crise vai durar ainda um bom tempo, é bom que as pessoas de bom senso não se deixem levar por essa conversa mole.
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