quinta-feira, 8 de maio de 2008

Ministra, candidata

O presidente Lula tem feito o que pode para mostrar a todos a sua preferência por Dilma Rousseff como candidata do PT à sua sucessão. E, se antes parecia isolado nessa tarefa, agora conta com aliados importantes dentro da própria oposição. Sim, porque a atuação do senador José Agripino Maia, líder do DEM, na sabatina a que Dilma foi submetida na Comissão de Infra-estrutura, foi a maior ajuda que ela teve até agora para consolidar sua candidatura.

Ao provocar a ministra com a insinuação de que ela poderia mentir ao Senado, já que havia confessado ter mentido aos seus torturadores quando esteve presa durante a ditadura, Agripino Maia estabeleceu, para Dilma, o limite que separa os que são apenas bons administradores dos que são grandes líderes. A ministra não só topou responder à provocação, como o fez de maneira definitiva. E, ao fazê-lo, se engrandeceu na mesma proporção que via seu antagonista se apequenar em sua insignificância como homem e político.

"Eu me orgulho muito de ter mentido, senador. Porque mentir na tortura não é fácil. Na tortura, quem tem coragem e dignidade fala mentira... E eu acredito, senador, que nós estávamos em momentos diferentes da nossa vida em 70", disse a ministra.

Foi aplaudida entusiasticamente pelos parlamentares da base governista e ouvida silenciosamente pelos oposicionistas, estupefatos com a potência do míssil disparado contra suas pretensões de constrangê-la no território em que se julgavam especialistas.

No Planalto, Lula deve ter esfregado as mãos de satisfação pelo desempenho de sua pupila. A "mãe do PAC" foi certamente além do que imaginava seu principal fiador político. À oposição ficou a lição de que não se deve, nunca, subestimar seu adversário. Principalmente aqueles que no passado foram corajosos e idealistas e hoje continuam agindo com a mesma determinação de antes.

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