sexta-feira, 9 de maio de 2008

Do otimismo

Enquanto economistas discordam, em debates acalorados nas páginas dos jornalões sobre se a alta da inflação se deve a problemas de oferta ou de demanda, a vida segue seu rumo no Brasil de maneira voraz.

Nos últimos anos, pelo menos, nunca se viu tanta atividade, tantos negócios, tanto emprego - formal e informal - sendo criado, tantos carros e caminhões circulando por ruas e estradas, tantos turistas voando e lotando hotéis e pousadas em praias e cidadezinhas perdidas no interior.

Essa constatação impressionista deste momento ímpar do Brasil reforça a convicção que os preços estão mesmo se acelerando. E isso é bom, pois prova que o país está vivo, as pessoas estão indo em frente, a máquina gira em alta velocidade.

Mas não seria essa uma visão extremamente panglossiana das coisas? Não seria preferível, como fazem os doutos analistas de bancos, corretoras, universidades, consultorias diversas, se debruçar em estudos para constatar que tudo poderia ser diferente se ao paciente fosse administrado remédios diversos?


Quem pensa dessa maneira, sem se deixar entusiasmar pelo otimismo e procurando se levar pela análise fria dos fatos, certamente chegará a conclusões infalíveis. Que serão variadas ao gosto das idiossincracias e ideologias de quem as formula.

Pois há os ortodoxos, os heterodoxos, os neo-liberais, os nacionalistas, os marxistas, ou os simplesmente oportunistas, que usam seus títulos de doutor para engordar contas bancárias geralmente criadas ao abrigo de bons empregos na máquina estatal.

Por essas e por outras é preferível, neste momento, deixar as conclusões científicas de lado e ver a natureza seguir seu curso. Não, não é a fé absoluta na mão invisível do mercado, já que ela, cega de nascença, geralmente perpetra barbaridades. É simplesmente escolher o bom senso como guia das ações e rejeitar intervenções exdrúxulas, assim como conselhos extemporâneos e dissimulados.


Hoje temos uma condição excepcional de superarmos definitivamente nossas fraquezas ancestrais, nossos medos genéticos, nossas desigualdades desumanas, nossas injustiças perpétuas.

Às vezes é muito bom acreditarmos em nós mesmos.

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