Um dos maiores financiadores da riquíssima campanha presidencial de Marina Silva, dono da empresa de cosméticos Natura, aquela que terceiriza até as mães de seus funcionários para sonegar impostos e taxas, escreve artigo na Folha, aquele jornal raivosamente antipetista, defendendo a tese (sic) de que a saída da crise passa pela renúncia da presidenta Dilma de seu cargo.
Interessante.
Quer dizer que a crise econômica, que existe e foi provocada, em parte pela conjuntura internacional, mas também pela própria crise política deflagrada pelos derrotados de 2014 - incluída na lista a candidata do dono da Natura -, e pela tal operação Lava Jato, que vem destruindo a cadeia petroquímica e de construção, estará resolvida se a presidenta for defenestrada do Palácio do Planalto?
Assim, vapt-vupt, num passe de mágica?
Ora, convenhamos, é muita cara de pau um sujeito escrever um troço desses e muito cinismo publicar-se tal bobajada.
A crise, vamos repetir, em grande parte é culpa dessa oposição tresloucada, que não deixa a presidenta governar.
Ou seja, os mesmos que a provocam dizem que ela será resolvida com a renúncia da presidenta.
A dose de desfaçatez no Brasil realmente atinge níveis estratosféricos.
Outro empresário, o dono da rede de junk food Habib's, metida em complicações fiscais, conclama seus clientes para os atos antigoverno deste domingo, 13 de março.
E gasta um bom dinheiro para divulgar a sua campanha de "marketing", sem perceber que as redes sociais já estão entupidas de manifestações que variam da simples gozação às mais ferozes conclamações de boicote à gororoba vendida nas suas lojas.
Os dois, o dono da Natura e o dono do Habib's, parece, têm em comum a ojeriza ao governo trabalhista.
Mas, tudo indica, esse não é o único ponto em comum entre ambos.
Une-os a pobreza de espírito que caracteriza uma elite econômica que fez do Brasil campeão mundial de desigualdade social - essa tragédia que impede qualquer projeto desenvolvimentista e que só muito recentemente, justamente nos governos trabalhistas, começou a merecer atenção.
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