segunda-feira, 14 de março de 2016

No Brasil, 6 milhões de mulheres são empregadas domésticas

Estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e Ministério do Trabalho e Previdência Social mostra que apesar da evolução da presença das mulheres no mercado de trabalho, o perfil histórico de ocupação ainda mantém significativas diferenças entre os sexos. Os homens, negros ou brancos, continuam sendo a maioria no mercado de trabalho, com uma taxa de 80% de presença.

A Nota Técnica  "Mulheres e trabalho: breve análise do período 2004-2014", é de autoria dos pesquisadores do Ipea Luana Simões Pinheiro, Antonio Teixeira Lima Junior e Natália de Oliveira, da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc), e de Rosane da Silva, do Núcleo de Gênero do Gabinete do Ministro do Trabalho e Previdência Social.

A pesquisa analisou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2014, do IBGE e mostrou também que a renda melhorou nos últimos dez anos, 2004 a 2014, mas não foi suficiente para equiparar os ganhos entre gênero e raça. 


O rendimento médio do brasileiro cresceu quase 50%, ao passar dos R$ 1.000,00 em 2004 para R$ 1.595,00 em 2014. As mulheres negras foram as mais beneficiadas, com 77% de aumento no período. Os homens conseguiram 43%, e as mulheres, 61%. Os homens, no entanto, continuam ganhando mais do que as mulheres (em média, R$ 1.831, contra R$ 1.288, em 2014), e os homens brancos ganham ainda mais (R$ 2.393, em 2014). As mulheres negras seguem na base, com renda de R$ 946 no mesmo ano.

O trabalho doméstico continua sendo um dos líderes entre os postos ocupados por mulheres, concentrando 14% da população feminina, ou 5,9 milhões. As mulheres negras são maioria entre as trabalhadoras domésticas: 17,7%, contra 10% das brancas.

Luana afirmou que é necessário repensar os conceitos de trabalho. “Para a discussão de gênero e igualdade entre mulheres e homens no mundo do trabalho, o conceito adotado nos limita e diminui a contribuição que as mulheres dão nesse campo. O IBGE trabalha com um conceito que exclui todo trabalho doméstico não remunerado feito no espaço privado, que são aquelas atividades que as mulheres fazem no cotidiano da vida, que é contínua e não tem mudado ao longo dos anos”, afirmou. A pesquisadora acrescentou que algumas classes inativas estão fora das pesquisa: “As mulheres que cuidam dos filhos, idosos e doentes e as trabalhadoras rurais estão fora dos dados estatísticos”.

A assessora especial do ministro do Trabalho e Previdência Social, Rosane da Silva, citou os desafios a serem enfrentados nos próximos anos. “A diferença salarial persiste na sociedade brasileira entre homens e mulheres, e o desafio agora é pensar em políticas públicas para superar essas desigualdades”, pontuou. 

Os autores do estudo lançaram propostas de políticas públicas para a diminuição das diferenças de gênero no mercado de trabalho. Entre os pontos propostos, estão:

1) ações que aumentem a permanência das mulheres no mercado de trabalho com garantia de igualdade de rendimento e ascensão profissional;

2) continuação da política de valorização do salário mínimo no longo prazo;

3) capacitação profissional de mulheres;

4) políticas de proteção e seguridade social, especialmente para as que estão em situação de vulnerabilidade;

5) políticas que incentivem o compartilhamento das responsabilidades familiares e a promoção de estudos comparativos internacionais sobre enfrentamento das desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

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