sexta-feira, 18 de março de 2016

Estilingues contra canhões

Vamos falar francamente:

1) De que adiantam argumentos jurídicos para barrar o golpe se são os próprios integrantes do Judiciário e do Ministério Público, entre outros setores, que o promovem?

2) De que adianta a mobilização popular, se o golpe é bancado por quem é visceralmente antipovo e antidemocracia?

3) De que adianta xingar a Globo se o pessoal continua vendo novelas, futebol e os telejornais da emissora?

O fato é que o golpe atingiu tal proporção que falta pouco para ser consumado.

A correlação de forças é extremamente desfavorável para as esquerdas.


O impeachment saiu do papel: o governo terá como barrá-lo, num Congresso francamente hostil a ele?

E há ainda o Tribunal Superior Eleitoral como mais um trunfo nas mãos dos golpistas.

Tenho essa mania de ser realista.

Me perdoem os amigos, mas nesse andar da carruagem, com o governo tímido, sem reação, é quase certa a vitória dos golpistas.

Para evitar a tragédia, penso, o contra-ataque deveria ser muito mais enérgico, em várias frentes.

Mas parece que não há disposição para tal. 

Nem se começou, por exemplo, a fazer a limpeza na Polícia Federal, um dos focos mais evidentes de subversão da ordem.

E nada, ainda, de prático com relação à atuação criminosa dos lava jatos.

Nem sobre as barbaridades cometidas a cada segundo por emissoras de rádio e televisão - concessões públicas que não podem insuflar uma rebelião contra um governo legalmente estabelecido.

Acho que todas as ações para barrar o golpe são válidas neste momento crucial.

Mas penso também que não dá para enfrentar bandidos na base da paz e amor.

Só os muito ingênuos - ou loucos - entram numa guerra com estilingues sabendo que o inimigo está armado com canhões.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Num eventual pós-golpe, acho que as novelas, o futebol e o jornalismo da Globo vão ter que redobrar os esforços para amansar a fera.
    Apesar de ser mais jovem, já ter nascido sob o regime militar, pelas minhas leituras tenho a convicção de que as dificuldades - naquele país semianalfabeto que se urbanizava aos poucos - não eram tão grandes para convencer a galera, entre outras coisas, de que o bolo precisava crescer primeiro para depois distribuí-lo.
    Não deveria estar aqui dando consultoria para golpistas, mas como, felizmente, não estou precisando de dinheiro, vou lhes dar de graça: podem reprimir e emburrecer a vontade, mas não descuidem da economia para os mais pobres. Sujeito acostumado a trocar de celular a cada mudancinha nos pixels das fotos não vai aceitar produto de segunda mão ou fazer como eu faço, que tenho meu único aparelho desde setembro de 2010 e espero continuar até quando não der mais.
    Senhores golpistas, elitistas que são, lembrem-se daquele famoso ditado ultrapreconceituoso: pobre que nunca comeu melado, quando come se lambuza. Pois é, o pessoal se lambuzou nesses últimos anos todos, inclusive, ainda que em menor grau, nesses dois últimos de dificuldades, que vocês propagandeiam como crise. Se limpar do lambuzamento dia para a noite é difícil.
    Senhores golpistas, se o objetivo dos senhores é concentrar ainda mais a já desigualmente distribuída renda brasileira (e eu acho que é), é bom parar já. Não percam vosso tempo.
    Ouça o bom conselho: eu lhes dou de graça.

    Sidnei

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