segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Religião avança sobre as instituições. No mundo todo

A notícia é da Agência Brasil: um estudo da Fundação Bertelsmann, com sede em Gütersloh, Alemanha, constatou um retrocesso da democracia e da economia social de mercado em todo o mundo e um aumento da influência da religião sobre as instituições políticas e jurídicas.

“A democracia e a economia social de mercado encontram-se em retrocesso em todo o planeta”, diz o comunicado de imprensa da fundação, no qual se resumem as conclusões do estudo.

O projeto, que contou com a participação de 250 cientistas, analisa a situação de 129 países em vias de desenvolvimento e transformação, para avaliar a qualidade dos respectivos governos, a partir da consideração de um total de 17 critérios.

Desses 129 países, a apenas seis é atribuída boa qualidade de governança, o que representa o nível mais baixo desde 2006, quando se começou a realizar o estudo periodicamente.

O Brasil está na 19º colocação no ranking, atrás de países como Estônia, Lituânia, Eslovênia, República Tcheca, Uruguai, Romênia, Croácia...

Estudos como esse geralmente são feitos sob a óptica da ideologia neoliberal e devem ser encarados mais como curiosidade do que sob qualquer outro aspecto, embora sempre carreguem um verniz "científico".

O capítulo sobre o Brasil, por exemplo, parece que foi feito tendo como base as notícias da imprensa, o que por si só serviria para desqualificá-lo, tal a parcialidade do jornalismo praticado no país.

Apesar disso, o que mesmo a atenção é a constatação do avanço da influência da religião sobre as instituições - algo claramente visível no Brasil, onde o Legislativo, os meios de comunicação e até mesmo o Judiciário e o Ministério Público têm um forte componente religioso, o que contraria frontalmente a Constituição.

Segundo o estudo, embora nos países analisados, as democracias tenham aumentado ligeiramente (de 72 para 74) e as autocracias diminuído de 57 para 55, a situação geral piorou relativamente a cada uma das respectivas formas de governo.

Desde o levantamento anterior, feito há dois anos, as autocracias consideradas “duras” aumentaram de 58% para 73% e apenas 15 das 55 protegem em parte os direitos civis e outorgam direitos políticos limitados.

Nas demais 40 autocracias, as detenções arbitrárias de jornalistas e ativistas dos direitos humanos são frequentes, segundo o estudo.

Sobre as democracias, o estudo indica que uma em cada duas é qualificada como "falha" e na grande maioria dos países da Europa Oriental existe atualmente mais restrições à liberdade de imprensa e de expressão do que dez anos atrás.

O presidente da Fundação Bertelsmann, Aart De Geus, manifestou especial preocupação com a situação nos países vizinhos da União Europeia.

“Os países vizinhos da Europa tornaram-se mais conflituosos, menos estáveis e mais autoritários. O que preocupa é, principalmente, a crescente incapacidade para o debate social e político”, observou.

Essa situação, segundo o estudo, ajuda ao crescimento do populismo que, em muito países, já encontra terreno fértil na pobreza, desigualdade e na falta de perspectivas econômicas para boa parte da população.

O documento lamenta que os anos de prosperidade econômica mundial não tenham sido aproveitados para investir em educação e saúde e na luta contra a desigualdade social.

O estudo destaca ainda que a influência da religião na política aumentou em 53 países nos últimos dez anos e recuou em apenas 12.

Os 20 países mais bem colocados no ranking da Fundação Bertelsmann são os seguintes:

1 Taiwan
2 Estônia
3 República Tcheca
4 Uruguai
5 Polônia
6 Lituânia
7 Eslovênia
8 Chile
9 Eslováquia
10 Letônia
11 Coreia do Sul
12 Costa Rica
13 Mauricio
14 Romênia
15 Croácia
16 Bulgária
17 Botsuana
18 Hungria
19 Brasil
20 Montenegro

Um comentário:

  1. Ha alguns anos atras, aluguei uma casa em cidade do interior, pra fugir das mazelas da cidade grande. Durante os dois anos em que la estive, observei uma proliferação de igrejas no local. Curioso procurei observar e avaliar o porque do fenômeno. Ao frequentar uma delas, pude constatar seu caráter de grupo de interêsse, acima de motivações reliosas. Acho que a degradação das Instituições,entregues ao corporativismo e outros problemas amplamente conhecidos, estão levando as pessoas a se proteger usando este artifício. Organizam-se grupos com o pretexto religioso, na verdade pra se proteger dos abusos institucionais como os da Policia e das Milicias, por exemplo. Ocorre que isso vai se desenvolvendo e se infiltrando na sociedade, chegando nas mais altas esferas do Governo Formal. Parece que estamos retrocedendo no tempo, e voltando a era das tribos primitivas. Acho que é hora de deixar um pouco de lado nosso comportamento individualista e pensar que não podemos fugir as responsabilidades da vida em sociedade. Ou em breve começaremos a ter barbaros conflitos tribais como até recentemente se viu na Africa.

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