O patronato fez a pior proposta dos últimos anos na negociação salarial com os jornalistas de São Paulo.
Os empresários alegam que vão mal das pernas, que a tal crise os pegou de jeito e, portanto, não podem nem repor a inflação no salário dos empregados que produzem as "notícias" que servem para emoldurar a publicidade, que é o que realmente interessa a eles.
O número de jornalistas jogados para fora das redações neste e em anos anteriores dá a ideia de que as empresas de comunicação estão mesmo em sérias dificuldades financeiras.
O interessante, porém, é que, para determinado público, ou seja, para potenciais anunciantes, eles dizem que estão voando em céu de brigadeiro, que as tiragens e a audiência de seus programas não param de crescer, que tudo está às mil maravilhas.
Mas na hora de negociar o reajuste salarial a conversa é completamente diferente.
Seja qual for a verdade, alguns fatos são inquestionáveis:
1) Criar uma crise econômica no país por meio de uma enxurrada de notícias negativas, com a intenção de derrubar o governo trabalhista, é um tiro no pé. Ora, como os empresários podem se animar a investir em publicidade se os veículos que divulgarão seus negócios dizem que o país derreteu? A lógica manda que eles façam justamente o contrário, ou seja, reduzam seus gastos supérfluos até que a tal crise passe.
2) Jornais, revistas e outras publicações impressas estão com os dias contados. Insistir nesse modelo é suicídio. A internet já não é uma novidade, é um fato que revolucionou a comunicação global. Quem ainda não compreendeu isso, não investiu e não entrou de cabeça nesse novo meio, já está, ou estará muito em breve, fora do jogo.
3) O mesmo vale para o rádio e televisão. A decadência desses meios é mais lenta, mas igualmente inexorável.
Grande parte do patronato não entendeu essas mudanças tecnológicas e culturais.
Vive ainda no mundo analógico do século passado.
Perdeu o chamado "trem da história".
E muitos jornalistas também incorrem no mesmo erro, de ignorar esse novo mundo que está se descortinando.
Lembro de quando os computadores chegaram às redações e as máquinas de escrever foram descartadas.
Havia colegas que se apavoraram com a necessidade de aprender a mexer nas máquinas que iam ser instaladas.
Alguns chegaram a desistir da profissão.
De certa forma, o mesmo ocorre agora.
Os jornalistas precisam entender que acabou o tempo das redações enormes, das entrevistas face a face, das longas viagens de reportagens.
É triste para quem tem arraigada a ideia de que a informação é exclusiva de alguns iluminados, vê-la correr a internet em tempo real, nas mais diversas formas e locais, comentada, analisada e preservada em imagens, algo inimaginável há alguns anos.
Pessoalmente, não tenho nenhum saudade de quando arrancava as laudas da máquina de escrever toda vez que o lide da matéria não saía como queria, ou da coceira que sentia nas mãos por causa da tinta do telex que "canetava".
Mas, enfim, respeito os saudosistas...
E foi nesse tempo que nos conhecemos. E me sinto honrado e orgulhoso de ser seu amigo. Sou seu fã inegável e admirador constante. Dar-lhe parabéns, seria chover no molhado. Abrax!
ResponderExcluirAs coisas mudam. Novos processos e métodos. Mas a alma e a inteligencia do homem permanece. De um lado a esperteza (será?) dos empresarios. De outro a vizão apurada e a luta pela sobrevivência dos profissionais.
ResponderExcluirBeleza de crônica. Parabens.