O sociólogo espanhol Manuel Castells explicou, resumidamente, na entrevista publicada na Folha, o que se vê hoje no Brasil, esse clima de violência instigado por alguns e praticado por outros tantos, virtual e pessoalmente:
"Eu não creio que no Brasil, com a internet, exista mais agressividade no debate. O Brasil sempre foi agressivo. Nos tempos da ditadura, no final dos anos 60, anos 70, o debate não só era agressivo como se torturavam pessoas diariamente com impunidade.
"A imagem mítica do brasileiro simpático existe só no samba. Na relação entre as pessoas, sempre foi violento. A sociedade brasileira não é simpática, é uma sociedade que se mata. Esse é o Brasil que vemos hoje na internet. Essa agressividade sempre existiu.
"A única coisa que a internet faz é expressar abertamente o que é a sociedade em sua diversidade. Trata-se de um espelho."
Não é necessário, porém, ser nenhum doutor em sociologia para chegar à conclusão a que Castells chegou.
Qualquer pessoa um pouco mais observadora é capaz de perceber a extrema violência existente em todos os setores da sociedade brasileira - e isso desde que ela se formou.
Revoltas, populares ou não, foram sufocadas de maneira selvagem ao longo da história.
As classes dominantes sempre exerceram seu poder de modo férreo - não à toa, o país consentia com a escravidão depois que ela havia sido abolida nas outras nações civilizadas.
A tortura é institucionalizada até hoje pelos organismos policiais, sem que se faça absolutamente nada para impedir sua perpetuação.
A polícia brasileira é mais que violenta - é cruel, pratica um genocídio contra negros e pobres.
Dirigir algum veículo em médias e grandes cidades é como fazer um passeio nas selvas entre bestas-feras.
Nas relações do dia a dia, no trabalho ou mesmo em família, o diálogo é quase sempre substituído por ordens que não admitem contestação.
Em amplos setores sociais a intolerância religiosa e o preconceito racial são aceitos naturalmente.
Esses são apenas alguns exemplos que provam o quanto o Brasil é violento.
A internet, com a explosão das redes sociais, como diz Castells, é apenas um espelho da realidade.
O único ponto positivo desse fenômeno é que as máscaras caíram, ou seja, ficamos sabendo o que realmente pensam nossos vizinhos, nossos parentes, nossos colegas de trabalho, nossos amigos e figuras públicas.
E, assim, se torna mais fácil escolher as pessoas com quem podemos nos relacionar.
Ora, ora. É cada uma besta que parece duas. E roubam pra danar!
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