Dá gosto viver num país no qual a Polícia Militar assassina, com tiro de fuzil na cabeça, um menino de dez anos que estava simplesmente em frente de sua casa?
E onde, depois dessa barbaridade, as pessoas falsificam fotos nas redes sociais para mostrar o garoto como um perigoso bandido?
E no qual as autoridades agem como se um crime desses fosse a coisa mais natural do mundo?
E onde parlamentares, com apoio de grande parte da população, acham que reduzindo a maioridade penal vão resolver o problema da criminalidade?
E no qual um músico popular é agredido e detido, porque, pego numa blitz discutiu com policiais?
Desde que acorda, o brasileiro um pouco mais consciente de sua cidadania é bombardeado por uma enorme carga de violência institucional, hipocrisia, cinismo, falta de educação (cívica, moral, ética, básica) e de ignorância.
Ele sai de casa e vê as leis do trânsito serem desrespeitadas a cada segundo, como se tivessem sido abolidas há muito.
Chega ao trabalho e se submete a mais violações - as empresas só obedecem as leis quando elas as beneficiam.
Conversa com algum colega e escuta infâmias como se fossem meras banalidades.
Em qualquer estabelecimento comercial, em qualquer serviço que contrate, ele se submete a práticas no mínimo abusivas, em geral ilegais.
A informação que recebe dos meios de comunicação é manipulada, descarada propaganda partidária/ideológica.
No Brasil de hoje, idiotas no mais profundo grau ocupam função de "formadores de opinião pública".
Direitos humanos elementares são atacados indiscriminadamente - assim como manifestações públicas pacíficas e legítimas de trabalhadores se transformam, para as autoridades, em atos de vandalismo que merecem ser criminalizados.
Na mídia, bandidos viram heróis.
Parlamentares nem se preocupam mais em camuflar suas intenções entreguistas em benefício próprio.
Minorias são perseguidas, literalmente.
A democracia é estuprada à luz do dia.
No Brasil de hoje, ser selvagem, desprezar a civilização, exteriorizar ódio e preconceito, agressividade e estupidez, não causam mais nenhum espanto ou perplexidade.
Viver no Brasil de hoje é isso: um exercício cotidiano de autoflagelação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário