sexta-feira, 20 de março de 2015

Pequenos delitos, grandes crimes


No momento em que escrevo esta croniqueta, R$ 110 bilhões em impostos já haviam sido sonegados no Brasil desde o começo do ano. 

É uma quantia e tanto, mais que o PIB de, certamente, metade dos países deste vasto mundo.

Sonegar impostos, como diz o cartaz pregado em qualquer birosca que existe por aí, é crime.

Quem sonega está tirando da sociedade dinheiro para educação, saúde, obras de infraestrutura, mobilidade, moradia...

Está ajudando a deixar o Brasil pior.


A lógica de quem sonega impostos, creio, funciona mais ou menos assim: já pago um monte de tributos, sou explorado pelo governo (geralmente ele se refere ao federal, esquecendo a parte que vai para a prefeitura e Estado), portanto vou sonegar mesmo, já que político é tudo ladrão.

É um pensamento que alivia a consciência do sonegador, do criminoso.

Mas é um pensamento cheio de falsidades e incongruências.

Primeiro porque todo cidadão está obrigado a cumprir as leis do seu país.

Ele até pode achar que a lei está errada, mas essa é outra discussão.

Fora isso, o sonegador está dando um tiro no pé: ao ajudar a sabotar a arrecadação do governo (municipal, estadual e federal), ele contribui para que a situação geral do país, que acha tão ruim, permaneça, ou até mesmo piore ainda mais.

A desculpa de que o imposto que entra no cofre público não retorna em benfeitorias para o contribuinte é esfarrapada.

Existem mil e um instrumentos de fiscalização para saber se, onde e quando o dinheiro está sendo aplicado.

O problema é que o cidadão médio brasileiro é um analfabeto político e cívico.

Criado na cultura do "é melhor é levar vantagem em tudo", sob o império do individualismo, acha normal desrespeitar a lei quando isso o beneficia.

Quantas vezes a gente ouviu alguém se gabar de que sonegou o Imposto de Renda?

Ou que escapou de uma multa no trânsito pagando um "cafezinho" ao policial?

Sonegação, corrupção, pequenas infrações, delitos que nos facilitam viver o estafante dia a dia...

Enquanto o Brasil for uma sociedade de "espertos", na qual cada um só pensa exclusivamente no seu bem-estar, ele não sairá de sua condição de "quase desenvolvido". 

Sociedades avançadas são aquelas formadas por uma maioria que tem consciência de que o sucesso e a felicidade individuais não excluem o progresso coletivo, mas, ao contrário, fazem parte dele.

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