sexta-feira, 27 de março de 2015

De volta à ribalta

É um chavão, eu sei, mas política não se faz com o fígado, e sim com o cérebro.

A senadora Marta Suplicy, porém, ou não conhece esse velho clichê ou faz questão de contraditá-lo.

A guinada que deu em sua vida política mostra que, ou ela realmente pensa que passar para o outro lado pode lhe render votos, ou então que agindo assim se vinga de algo ou alguém do partido no qual construiu sua carreira.

Seja como for, a sua decisão acentua, pelo menos para boa parte das pessoas, uma faceta de sua personalidade - seu egocentrismo.

Vi a senadora três vezes em minha vida. 

Em duas, tive uma péssima impressão.


Ela me pareceu ser uma pessoa extremamente arrogante, o que não é nada bom para quem quer ser político.

A primeira foi em 1982, quando ela e seu então marido Eduardo Suplicy foram a Jundiaí para dar palestras no Gabinete de Leitura Ruy Barbosa. Eduardo era candidato a deputado federal, apoiado pelo pessoal do PT de Jundiaí, do qual eu fazia parte. Marta ainda não era política, mas sim a sexóloga que apresentava um quadro no programa TV Mulher, da Rede Globo. 

Lembro que depois, lá pelas 10 horas da noite, fomos com os dois para um bar da vizinhança. O casal até que foi um papo interessante.

A segunda vez que mantive contato com a senadora foi, muitos anos depois, numa sabatina com candidatos a governador do Estado, no Estadão.

Ela surgiu na sala reservada para a conversa com sua assessora de imprensa, mal e mal cumprimentou os jornalistas, manteve em toda a entrevista uma expressão de enfado, como se estivesse fazendo um favor de estar ali. 

Como todos sabem, perdeu a eleição.

A última vez que a vi foi num restaurante em Embu das Artes, há uns dez anos. 

O local estava praticamente vazio. Havia a mesa que ela ocupava, com seu marido de então, Luis Favre, e um assessor, e a minha, na qual estava com minha esposa.

Em dado momento, a senadora se levantou para ir ao banheiro e passou bem em frente a nós, sem sequer nos olhar.

Detalhe: ela estava em pré-campanha eleitoral.

Dizem que a senadora é muito querida em alguns bairros da periferia paulistana. 

Acredito que isso seja verdade. 

Afinal, como prefeita fez obras importantes para os pobres, como os CEUs e os corredores de ônibus. 

Mas a sua popularidade talvez não advenha só desse fato.

Num país onde há toda espécie de reis, príncipes, rainhas e princesas, uma Smith de Vasconcellos, bisneta e trineta dos barões de Vasconcellos, deve ser uma atração e tanto para o povo miserável dos rincões da capital.

Para essa população, acredito que não era só a prefeita que a visitava, mas, antes de mais nada, a celebridade que se dignava a se aproximar de seus fãs.

Agora, aos 70 anos, talvez ela tenha se cansado de ser apenas uma senadora da República de um partido que perdeu seu charme nas rodas sociais por ela frequentada, e sinta saudade do tempo em que deslumbrava o populacho com sua presença fidalga.

A vaidade conduz muitos destinos. 

3 comentários:

  1. Sou Petista Lulista e Dilmista mas tirando o foco de seu trabalho na globo com certeza ela se adaptou ao sistema global na época! mas hoje realmente ela fez um bom trabalho na Prefeitura, não tem como não evidenciar a Marta quando andamos de onibus ou mesmo de táxi, ela consegui dissolver filas de onibus intermináveis em lugares importantes como A vereador Jose Diniz av santo amaro e uma infinidades de ruas e avenidas, acho que Marta precisava somente ser reconhecida e ser prestigiada justamente por ter laços de fidalguias com sua própria gente, Marta não é perfeita mas ninguém é menos imperfeito do que ela, marta tem a alma ferida pelo descaso e falta de sensibilidade para com quem se sente acuada, porque bastou um deslise seu para ser execrada em publico como o PT tem feito com alguns dos Petistas mais antigos, eu como circulo de Taxi e onibus jamais esquecerei da Marta Suplicy porque assim como boa Prefeita ela seria se tivessem dado essa chance para ela ser uma boa Governadora em São Paulo, e quem sabe hoje são paulo não estaria nas mão dos tucanos e do eternamente governador Alckmin!

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  2. Como bem descrito no texto ;de fato, Marta deve ter sido uma ótima Prefeita,para o município de SP. Entendo também que ela relutou em apoiar Haddad...por entender que era a hora dela;contudo foi lá, apoiou, e fez a diferença.Assim sendo, é natural que ela esperasse uma contrapartida do PT e suas lideranças quando chegasse as eleições para Governo do Estado...o que não ocorreu.Foi Preterida por Lula,que optou em lançar Padilha erroneamente, na minha modesta visão.Isso atingiu em cheio Marta,tanto que fez poucas aparições na campanha de Padilha..e nem se esforçou para tentar ganhar votos nas zonas periféricas da cidade. Eu de certa forma compreendo sua razões...mas não precisa destilar ódio e veneno contra o Partido que lhe deu projeção nacional...simplesmente saia, dê a volta por cima...e estamos conversado.

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  3. Sou petista e serei até o final, meu final ou o do Partido. Diferentemente de Marta, a quem sempre admirava e cujas atitudes agora lamento, o PT para mim é um instrumento de vida e libertação, não um ponto de passagem apenas. Enquanto em minha juventude até chegar a uma vida adulta minhas opções foram poucas, penso que para Marta elas foram múltiplas, considerando-se os planos econômicos, culturais e etc. Certamente no curso da minha vida a contribuição que dei à sociedade, em especial à paulistana, foi infinitamente menor que aquela dada por Marta. Mas, de uma coisa eu tenho certeza. Se não fosse por mim e por outros milhares de iguais, e que ainda habitam o PT, ela não seria nada do que é no plano político. O PT e o Brasil precisa de inteligências, criatividades e inovações. Venham de onde vierem, das classes menos abastadas ou das classes médias ou ricas que às causas de mais justiça social e democracia aderiram. Confesso que Marta trouxe-me orgulhos quanto a isso. Espero que não se perca com suas novas companhias, com as quais nenhuma identificação desfruto.

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