São Paulo, o paraíso dos dedos-duros

Ou o governador paulista, Geraldo Alckmin, é muito fã de filmes de faroeste ou está determinado a levar seu governo a um nível inferior à água do sistema Cantareira, que nesta terça-feira atingiu, pela primeira vez na história, menos de 10% da capacidade - palmas para a Sabesp!
Aplausos findos, vamos ao que interessa, que é, segundo o próprio governador explicou, a adoção do Programa Estadual de Recompensa, que pagará até R$ 50 mil para o denunciante que tiver informações que ajudem a polícia a esclarecer delitos ou localizar foragidos da Justiça.
Com a palavra o nosso prezado Geraldo: “O governo faz tudo para fortalecer o trabalho da polícia. O denunciante receberá a recompensa através de uma informação que leve à elucidação de um crime ou que leve a prisão de um criminoso. A parceria entre a população e a polícia é a marca e o DNA do povo paulista.”
Mais aplausos!
E uma pequena pausa para reflexão.

Quer dizer então que, a partir de agora, a alcaguetagem passa a ser um bom negócio em São Paulo?
Quer dizer que, a partir de agora, deixamos de ser bons cidadãos, gente que sabe de seus direitos e deveres, para nos tornarmos respeitáveis dedos-duros?
Fico imaginando aquele sujeito antipático, de quem ninguém no condomínio gosta, que não cumprimenta nem os vizinhos e cuja ocupação é desconhecida.
Ele não é um bom alvo para os alcaguetes profissionais que prosperarão em terras paulistas?
Um governo que chega a essa ponto na tentativa de melhorar as condições de segurança dos cidadãos não pode ser levado a sério.
Ou melhor, deve ser levado muito a sério por todos os que acham que o bangue-bangue só é aceitável nas telas de cinema e não em São Paulo, o Estado mais rico da federação, governado há 20 anos por homens que muitos consideram integrantes da elite social, econômica e política do país.
Geraldo, Geraldo...
Que triste fim de governo.