Lula e o PT não podem faltar à luta

Os presos políticos José Dirceu e José Genoino Neto vêm recebendo, nas redes sociais, uma solidariedade incomum nestes dias de hoje.
Milhares de mensagens de apoio aos dois estão sendo divulgadas desde quinta-feira, o fatídico feriado da proclamação da República, transformado, sob os auspícios de um Supremo Tribunal Federal que age como órgão auxiliar da oligarquia nacional, na data em que a jovem democracia brasileira foi desmoralizada.

É comovente ver como a sociedade reage a determinadas situações.
Nesta, expressa toda a sua indignação frente a uma injustiça que ultrapassa todos os princípios que integram o processo civilizatório.
Mas os cidadãos comuns, como os milhares de indignados com a farsa de um julgamento que resultou em prisões espetaculares, engendradas para desmoralizar os "condenados" e quem nunca se conformou com um processo recheado de mentiras, têm as suas limitações.
Eles podem apenas protestar, de várias formas, contra a indignidade, e enviar mensagens de apoio aos presos políticos. 
Não é pouco para os condenados, suas famílias e seus amigos.
Mas é pouco para fazer os algozes perceberem que o que perpetraram terá consequências sérias num futuro breve ou distante.
Para que isso ocorra é preciso muito mais que a solidariedade dos anônimos.
É necessário que amplos setores da sociedade civil - sindicatos, entidades de classe, organizações estudantis -, partidos políticos, imprensa, e, principalmente, figuras públicas de destaque, se unam na luta, assumam a ofensiva, ponham no córner os responsáveis por essa ignomínia que foi feita ao Estado de direito. 
Até o momento, a única atitude do PT, partido no qual os dois Josés foram figuras proeminentes, foi soltar uma nota em seu site, tímida, até envergonhada.
Até agora, o seu presidente honra, o ex-presidente Lula, a maior liderança política do Brasil, mantém um silêncio abominável.
Lula e o PT devem muito aos dois Josés.
E mesmo que eles não tivessem a importância que tiveram na máquina partidária, mesmo que eles fossem tão somente dois dos muitos Josés que assinaram, ao longo dessas últimas décadas, as fichas de filiação ao partido, mesmo que fossem apenas dois dos milhões de Josés que suam sangue para sobreviver neste Brasil de tantas dificuldades, Lula e o PT teriam a obrigação de, no mínimo mostrar, publicamente, que repudiam o destino que lhes foi imposto por um tribunal a serviço das forças mais reacionárias do país.
Se Lula e o PT não fizerem isso, à injustiça da pena imposta aos dois Josés se somará a revolta da traição de quem tem o dever moral e ético de ajudá-los.