A nossa democracia: capenga, torta, viciada

O show midiático transmitido ontem diretamente da sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, os vazamentos seletivos do Ministério Público de peças do processo sobre a máfia dos fiscais da prefeitura paulistana e a cobertura da imprensa desse escândalo, gerado em administrações passadas e descoberto pela atual, evidenciam que, infelizmente, a democracia brasileira é ainda capenga, torta, viciada e presa a estruturas totalitárias e servis a interesses oligárquicos.
Que ninguém se engane. 
Esses notáveis patriotas que bradam altissonantes contra a corrupção sãos os primeiros a fazer uso dela.
Não fosse assim, estariam neste momento apoiando e ajudando integralmente a ação desencadeada pela Controladoria-Geral do Município, que descobriu, em plena sede da prefeitura paulistana, um "ninho" de corruptos que cresceu formidavelmente sob as amplas asas tucanas.

Mas não, quem poderia, com sua voz, espalhar a boa nova que um jovem prefeito vem semeando, não só se cala, mas faz de tudo para atrapalhar o andamento do processo.
É vergonhosa, para dizer o mínimo, a participação da imprensa nesse episódio, agindo em conluio com os criminosos, tentando encobrir os rastros que levarão, inevitavelmente, aos verdadeiros malfeitores.
Como em ocasiões passadas, não se importa em disseminar assassinatos de reputação nesse seu trabalho.
Quanto ao show midiático proporcionado pelos ministros do STF na AP 470, inúmeros e renomados juristas já se pronunciaram.
Se aquilo foi um julgamento, nosso calendário está completamente errado: não estamos no século 21, mas em plena Idade das Trevas.
O Brasil progrediu bastante, em todos os sentidos, depois do fim da ditadura militar.
Mas não o suficiente.
Falta, entre muitos pontos, acabar com uma outra ditadura, a dos meios de comunicação, e levar a transparência ao Judiciário.
Infelizmente, essas são tarefas para mais de uma geração.
E para pessoas que tenham coragem e desprendimento e sejam verdadeiramente patriotas.
Qualidades raras nos dias de hoje.