terça-feira, 17 de setembro de 2013

Organizações Mendes

Gilmar Mendes: muito mais que um juiz
(Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Posso estar errado, mas juízes, assim como outros integrantes do Judiciário, deveriam seguir algum código de ética.
Há certas coisas que, embora sejam admissíveis em várias profissões, não caem bem para um magistrado, principalmente para esses do Supremo Tribunal Federal que viraram astros de televisão nessa peça inquisitorial em que se transformou a AP 470, a do tal mensalão.
É o caso do ministro Gilmar Mendes, que já presidiu o STF.
Não me refiro ao Instituto Brasiliense de Direito Público, uma escola privada que ele fundou em 1998 e que emprega colegas do tribunal e outras "figuras importantes nos poderes executivo e judiciário", segundo a Wikipédia.
Trata-se de algo mais trivial, mas revelador do caráter do magistrado: um site pessoal, feito para glorificá-lo.
Está tudo lá: perfil, atividades profissionais, atuação na AGU, concursos públicos, distinções honrosas, projetos de lei, atividades acadêmicas, notícias, livros, artigos acadêmicos, artigos de jornais, entrevistas, traduções, principais votos, discursos, vídeos, aulas, entrevistas, palestras, sabatinas.
É um verdadeiro memorial dedicado à sua pessoa, ao seu ego.
O detalhe é que, ao contrário de milhares de outros que criaram sites pessoais, o ministro Gilmar Mendes registrou o seu domínio como "org", ou seja, "organização".
Mendes, portanto, não se acha um cidadão comum, uma pessoa física: ele se considera muito mais que isso, é uma "organização".
A home page, bem feia por sinal, traz, na sua parte central, as notícias em que o superjuiz foi protagonista. 
No lado direito, a capa de seu livro "Mandado de Injunção", com link para compra na Livraria Cultura.
Um luxo só.
De causar inveja aos seus colegas de tribunal.
Isso se eles forem como os outros seres humanos, que têm sentimentos e emoções.
Já as organizações Mendes mostraram que carregam pelo menos um traço de humanidade.
Ou um defeito que tem prejudicado muitos - a vaidade.

Alto nível

Leio, constrangido, neste fim de tarde desta terça-feira (17), na Folha Online, uma notícia com o sugestivo título de "STF não é tribunal para ficar assando pizza, diz Gilmar Mendes".
O conteúdo é o que se esperava em se tratando do personagem: não aceita porque não aceita os embargos infringentes e blá-blá-blá.
Duas falas, porém, se destacam do besteirol, exatamente porque explicitam o conteúdo intelectual do nosso ministro supremo. 
Uma delas de tão original, mereceu virar título da notícia.
Vamos a elas, com os devidos grifos:
"Tenho a impressão de que é importante, desde logo, estabelecer ritos, prazos, para encaminhar este assunto. Quer dizer, que o tema não fique solto (...) Estou dizendo é que haja, de fato, uma responsabilidade em relação a isso. Isso aqui não é um tribunal para ficar assando pizza e nem é um tribunal bolivariano."
"Isso fica transitando e como todo mundo acaba esquecendo e já está de saco cheio também, porque ninguém aguenta mais esse negócio."
Assando pizza...
Tribunal bolivariano...
Saco cheio...
As Organizações Mendes precisam, urgentemente, elevar o nível dos comentários de seu diretor-presidente.


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