segunda-feira, 6 de maio de 2013

Os normais e os absolutos


Conheci várias pessoas que se destacaram em seus ofícios menos por suas habilidades e mais pela cara de pau na hora de fazer as coisas, ultrapassando sem o menor pudor os limites éticos e morais que qualquer indivíduo normal possui.
Um desses tipos trabalhava de manhã à noite no Estadão, mantinha uma coluna semanal, publicava reportagens sobre os assuntos mais variados, dizia que fazia um curso de pós-graduação, participava com assiduidade de programas de rádio e televisão, dava cursos e palestras, e ainda tinha tempo para escrever livros os mais diversos. Um fenômeno que, se a gente parasse para pensar, não deveria nem dormir.
O deputado Gabriel Chalita é outro caso desses, com suas dezenas de livros publicados - um deles, afirma, foi escrito numa viagem de avião entre São Paulo e Rio!
Claro que esses tipos são inteligentes, mas mais que isso, desconhecem aqueles freios que a gente se impõe, como, por exemplo, não dar palpites em temas que desconhecemos, não pegarmos um trabalho que vai exigir conhecimentos além dos que temos etc e tal.
Essas pessoas não estão nem aí para isso.
Elas simplesmente acham que podem fazer tudo, que estão acima de tudo, que podem encarar qualquer parada.
Outros exemplos de figuras públicas com essa personalidade são os ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa.
Os dois atuam na Corte como se estivessem em suas casas, dando ordens aos empregados, dizendo para eles como se deve fazer isso ou aquilo, impondo castigos para quem não obedecer as suas ordens, palpitando sobre a melhor maneira de espanar o pó e de cozinhar o feijão.
Não estão nem aí para o que os outros pensem a seu respeito.
Dizer que são autoritários não explica seu temperamento.
São, digamos, absolutos.
E assim, por não conhecerem limites, por estarem certos de que estão acima das leis humanas - quiça, divinas -, impressionam grande parte dos cidadãos normais, nós os medíocres que formamos 90% da população.
Um dia ou outro, de uma maneira ou outra, seus desatinos terão fim.
O duro é ter paciência para esperar que isso aconteça.

Um comentário:

  1. Imagino ter conhecido esse gênio do Estadão. Está distante, hoje, de aplausos e críticas, ensinando teodiceias lá em cima.

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