domingo, 10 de março de 2013

A inflação da padaria


Na padaria perto de casa, no Caxingui, em São Paulo, chamada Morada dos Pães, até um mês e alguns dias atrás o quilo do almoço custava R$ 29,90. Passou para R$ 32,90 e, na sexta-feira, estava custando R$ 39,00, um aumento de 30%, portanto.
O que, neste país, entre o fim de janeiro e este começo de março, aumentou tanto assim para justificar uma alta tão exagerada no preço da refeição dessa padaria?
Os funcionários não tiveram aumento de salário correspondente, nenhum item da comida subiu tanto, o número de fregueses continuou o mesmo, o cardápio permanece inalterado. Nada mudou na Morada dos Pães.
Essa história de que a inflação brasileira está saindo do controle, como todos os dias, incansavelmente, os jornalões repetem, é muito estranha, a julgar pelo comportamento da padaria perto de casa.
Seus donos talvez tenham puxado absurdamente os preços dessa forma preventivamente, sob a influência do noticiário, que afirma categoricamente que a inflação vai acabar com o Brasil.
Seria uma boa desculpa.
Seja como for, tenho certeza absoluta que a receita estampada também diariamente pela quase totalidade dos tais "analistas" econômicos - na verdade office-boys muito bem remunerados do sistema financeiro -, essa que diz que a única solução para colocar a inflação nos trilhos é aumentar os juros, se for aplicada, não fará nenhum bem para a Morada dos Pães - e para tantos outros comerciantes e prestadores de serviço que aumentam seus preços injustificadamente.
Quem vive no mundo real, aquele sujeito que consegue sobreviver no ambiente sem ar-condicionado, sabe que subir os juros é uma coisa que só beneficia uma espécie, a dos banqueiros.
Dizem que no mundo capitalista  tudo se ajeita conforme algumas poucas e boas leis, como essa tal de oferta e procura.
Pode até ser que isso aconteça em algum lugar.
Em São Paulo, certamente que não.
Está aí a Morada dos Pães para acabar com essa história.
E também para mostrar que a sua contribuição para a alta inflacionária não decorre de nenhum fator exógeno, de nenhuma causa especial ou de uma combinação de fatalidades.
Quem aumenta 30% de uma hora para outra o preço de seu serviço tem apenas a cobiça como guia de seu ato.
Contra esses tipos, não há teoria macroeconômica que dê jeito.
Nem o juro alto, nem o juro baixo.
P.S.: Não quero ser injusto com a Morada dos Pães. Ela está bem acompanhada, como por uma outra padaria das imediações, a Vila Sônia,  mais nova, que cobrou R$ 90 por um intragável bolo de aniversário recheado de leite condensado - e uns míseros gramas de morangos. Nessa, o almoço por quilo estreou também a R$ 29,90 e hoje, poucos meses depois, ele está a R$ 36,00 - ou mais, já que também nunca mais fui lá.  

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