quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Lula precisa ser destruído


Vivo uma vida comum, como um cidadão comum. Cumpro as leis, pago meus impostos em dia, até pouco tempo atrás lia jornais em papel - hoje passo os olhos em suas versões digitais -, sou um leitor meio compulsivo de qualquer tipo de livro, trabalho mais de 8 horas por dia, acho que sou medianamente informado do que se passa no mundo e, especialmente, no Brasil.
Sei muito pouco do que acontece no mundo das pessoas incomuns, essas que vivem num outro universo, o dos privilegiados, os ricos e poderosos, ou mesmo os que, por razões específicas, são obrigadas a ter um dia a dia completamente diferente do meu.
Algumas vezes um fiapo de informação vaza desse outro mundo, insuficiente para formar um quadro amplo de suas peculiaridades, mas capaz de dizer o quanto aquele cenário é diferente daquele que vejo todos os dias.
Assim, acabo sabendo poucas, mas importantes coisas desse outro planeta Terra.
Sei, por exemplo, que os milionários, como os antigos aristocratas, não se misturam. Não têm amigos fora do seu clube exclusivo, namoram e casam com pessoas do mesmo "nível", defendem com extrema ferocidade suas propriedades e seu modo de vida.
Não existe a menor possibilidade de que um "outsider" seja plenamente aceito em seu círculo social. Ele pode até frequentá-lo, mas nunca será um "deles".
Essas pessoas, além do dinheiro, têm poder, muito poder.
São capazes de fazer as maiores estripulias, burlar as mais triviais leis, aplicar os mais variados golpes. Em 99% dos casos nada acontece a eles.
São praticamente impunes, se valem de todos os problemas e defeitos do judiciário brasileiro.
Embora poucos em relação às centenas de milhões de pessoas comuns, são eles que mandam no Brasil, que usam e abusam de sua influência, do seu imenso capital, de suas inúmeras relações, para manter o status quo, para assegurar que nada mude por aqui, que seu universo continue fabulosamente o mesmo por bilhões de anos, até o Sol esfriar.
É ingenuidade pensar que, de um dia para o outro, o Brasil se transformará num país moderno, justo, igualitário, numa verdadeira democracia de oportunidades iguais para todos e onde todos são iguais perante a lei e a lei é aplicada com o mesmo rigor em todos.
Nessa última década muito se fez para levar o país nesse caminho. A situação era tão ruim que o pouco realizado melhorou a vida de dezenas de milhões de seres humanos.
Para se chegar a isso, porém, foi preciso ferir alguns interesses dos poderosos. Pouca coisa, mas suficiente para despertar neles um ódio incomensurável contra os mentores desse projeto político-social.
Para os poderosos, é imperioso abortar esse processo.
A ordem, que vem sendo executada com extremo rigor e zelo por seus agentes é "delenda est Lula" - Lula precisa ser destruído -, uma variação do "delenda est Cartago" com que Catão terminava seus discursos na Roma mergulhada nas longas guerras púnicas.
Cartago foi destruída. O poder de Roma sobreviveu por centenas de anos. Até que sucumbiu à marcha inexorável da Civilização.

Um comentário:

  1. Prezado Carlos Motta,

    Se me permite, gostaria de ter escrito o que você publicou, porque é o que penso, exatamente.

    Parabéns pela clarividência!

    (Em tempo: se com tão pouco de políticas sociais verdadeiramente implementadas no Brasil o país mudou tanto, imagino eu como seria se mais pudesse ter sido implantado. A reforma agrária, por exemplo. Registre-se o detalhe do "tão pouco" como um comparativo do quantitativo orçamentário do que foi empregado nas políticas sociais e aquilo que foi disponibilizado para as demais áreas).

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