quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coalizão, não!


O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, promete fazer um governo de coalizão com os partidos aliados, ou seja, PSB, PCdoB e PP. Se colocar em prática o que pretende, porém, ele estará incorrendo num grave crime, pelo menos aos olhos do ministro do Supremo Tribunal Federal Ayres Britto, aquele que, nas horas livres, comete versos como "prove da vida/como do néctar das flores/prova o colibri", que repudiou o modelo veementemente.
Não faz muito tempo, em meio ao furor condenatório que assolou a corte suprema do país no julgamento do tal mensalão, Ayres Britto afirmou, do alto de sua sapiência, o seguinte:
“Cada partido político é autônomo, goza de autonomia política, administrativa e financeira em boa medida. Tem a sua identidade ideológica, ou político-filosófica, mas tudo isso é suspenso, legitimamente suspenso, para a formação de coligações durante o período eleitoral. Terminado o período eleitoral, as coligações se desfazem, de direito. E são substituídas por alianças tópicas, pontuais, episódicas, para a aprovação de projetos específicos. Não faz sentido, à luz da autonomia política de cada partido e da sua identidade inconfundível, ideológica e política, uma aliança formal ad aeternum, porque isso, mais do que a perenização no tempo dessas coalizões, implica em um condicionamento material na hora das votações."
Traduzindo: na opinião do ministro supremo o governo não deve exercer o seu principal instrumento de ação, que é a política.
O governo do PT, que desde 2003 tem promovido grandes transformações econômico-sociais-estruturais no Brasil, não inventou o modelo de coalização partidária. Simplesmente o transplantou para o país, com base no que fizeram várias outras nações ocidentais democráticas.
O próprio PSDB fez o que fez no Brasil porque contou com a ajuda inestimável do PFL, ex-Arena, hoje DEM.
O PT aprofundou a experiência, ampliando a base de apoio, tendo como âncora um grande partido de centro, o PMDB.
Dizem que o cérebro por trás desse modelo que tem permitido o país navegar por águas mais ou menos tranquilas em rumo de um futuro mais alvissareiro é o de José Dirceu, esse mesmo que foi condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa pelos ministros supremos.
José Genoino, outro condenado pelas mesmas coisas, foi outro que trabalhou feito louco para colocar em prática a coalizão.
Haddad pode ter em São Paulo o mesmo sucesso que o PT vem obtendo em Brasília.
Mesmo com a total desaprovação de Ayres Britto, o duble de juiz e poeta, autor, entre outros, do clássico "Varal de Borboletras".

Um comentário:

  1. E vamos 'borboletrando' kkkkk. O provecto ministro delirava: a lei eleitoral permite até fusão entre partidos, como não permitiria uma coligação? E se não está expresso ali que a coligação pode durar além das eleições, tampouco a CF o veda - e, como sabemos o ministro e eu, além da torcida da seleção, não há crime sem lei anterior que o defina e aquilo que a lei não veda é, em princípio, lícito.
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