quinta-feira, 2 de agosto de 2012
O tal mensalão
O tal mensalão deverá ocupar todo o tempo e espaço possíveis do noticiário da chamada "grande imprensa" de agora em diante - e sabe-se lá até quando.
É apresentando a todos como "o maior escândalo da história", como se referiu a ele o procurador-geral da República.
Bobagem.
Quem o analisa sem vestir o terno partidário da oposição vê que ele, da maneira como é apresentado, tem furos enormes, de fazer o maior transatlântico naufragar em questão de minutos.
Mensalão, como quis dizer o sujeito que cunhou o termo e deflagrou o episódio, o notório Roberto Jefferson, pressupõe o pagamento mensal a alguém que, supostamente, prestou determinado serviço. No caso, a mesada, oferecida pelo partido que estava - e está - no poder, seria para manter a fidelidade de sua base parlamentar de apoio.
Coisa estranha essa - pagar para quem já é aliado não é mesmo uma ideia inteligente.
Especialmente quando, todos sabem, os aliados, pelo simples fato de serem aliados, fazem parte do poder, dividem a responsabilidade do poder, seus ônus e seus bônus.
A outra explicação, muito mais plausível, é a de que o tal mensalão seria dinheiro proveniente de caixa 2, o famoso "por fora", usado pelo PT para ajudar os amigos que estavam em dificuldade para fechar as contas da campanha eleitoral.
Nos dois casos, os 38 réus teriam cometido crimes, uns mais graves, outros nem tanto.
Ao Supremo Tribunal Federal caberá a dificílima tarefa de julgar, sem ouvir o famoso "clamor da opinião pública", ironicamente formado pela mesma imprensa que já condenou os acusados, qual das duas hipóteses é a verdadeira, com base nos autos do processo, nas provas e testemunhos apresentados.
Seja qual for, porém, o resultado do julgamento, ele não mudará absolutamente nada nos usos e costumes desta república.
A corrupção, patrocinada pelo poder público e pelos empresários, não acabará com o fim do julgamento do mensalão e toda a lenga-lenga moralista que se escreverá nesse futuro próximo, tampouco a prática contumaz do uso do caixa 2 no financiamento de campanhas eleitorais.
Para que tudo isso termine é preciso bem mais que julgar o tal mensalão.
É necessário, antes de mais nada, que os principais acusadores dos 38 réus - imprensa e políticos oposicionistas - também mudem os seus hábitos e costumes.
Algo que certamente não farão, já que estão impregnados de uma hipocrisia que repele qualquer intenção de começar a fazer as coisas certas.
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