quarta-feira, 11 de julho de 2012

O novo/velho Serra


Esta campanha que se inicia apresenta um novo Serra, construído ao gosto dos marqueteiros.
Ele se apresenta com roupas mais esportivas, está mais sorridente que antes, e, principalmente, faz questão de ser fotografado junto de pessoas comuns, nas ruas, em festas populares, em bares e padarias.
Quer mostrar que não é da elite, ou o preferido dela.
A ordem é aproximá-lo da imagem de alguém como nós, cidadãos ordinários, mas bem diferente de nós, que não temos a sua inteligência, a sua experiência administrativa e política, o seu imenso carisma.
No fundo, seus marqueteiros tentam, desesperadamente, diminuir a rejeição que cerca de 35% dos eleitores têm à sua figura.
Porque eles sabem que se a taxa não se reduzir, a eleição estará perdida.
Serra é conhecido de 100% do eleitorado. A rigor, nem precisaria fazer campanha. Os 30% que dizem que vão votar nele o conhecem suficientemente. A questão é como diminuir os pontos que o tornam indesejado por grande parte dos eleitores. 
Rejuvenescer a sua imagem até pode ser uma boa ideia.
Mas há um grande problema nessa estratégia.
Acontece que, como o escorpião da fábula, Serra não consegue se desvencilhar de sua natureza.
Para ele é impossível se afastar, por exemplo, do gel de álcool que usa para se limpar depois de apertar as mãos de dezenas de pessoas desconhecidas.
Ou de deixar de dar patadas em jornalistas quando não gosta de alguma pergunta que lhe fazem.´
Ou de pedir a cabeça desses profissionais aos seus patrões.
Ou de se mostrar arrogante, prepotente, falso, a cada entrevista que dá.
Ou de, simplesmente, como fez anteontem, reagir a uma molecagem, xingando de "bosta" quem o provocou.
Definitivamente, o figurino de moderninho, descolado, simpático, boa gente, bem educado, não é do mesmo tamanho de Serra.
Nesse papel, ele consegue ser ainda mais ridículo do que o normal, com aquele ar permanente de Conselheiro Acácio, com a sabedoria de almanaque que exibe para plateias de mentalidade rasa, com as platitudes que despeja como se fossem as mais refinadas teorias econômicas.
Não há nada mais exemplar do que é o novo/velho Serra do que vê-lo sucumbir ao desejo da claque e constatar que aqueles movimentos desajeitados, fora do ritmo da música, como se vê em diversos vídeos na internet, não são, como se supõe, um dolorido ataque de cólica, mas a expressão do prazer da dança.
Se uma imagem vale mais que mil palavras, essa então...

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