Alckmin insulta a inteligência

O governador paulista, o tucano Geraldo Alckmin, depois de muito pensar a respeito, já sabe quem é o responsável pelo caos que o Estado vive na área da segurança pública. Não podia dar outra: a culpa é do PT, disse o governador, secundado pelos seus subordinados, num discurso ensaiado às pressas, mas que ele acha que serve para desviar o foco do gravíssimo problema.
Segundo Alckmin, a coisa anda do jeito que está em São Paulo por um motivo simples: o governo federal - leia-se o PT - não impede que as drogas e as armas ilegais entrem no país.
Alckmin, calado, já é uma figura patética.
Quando abre a boca, então, faz a gente se lembrar imediatamente daquela citação de Rui Barbosa, tão batida, mas sempre atual: "De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."
Nessas horas a gente se pergunta como é que um sujeito com tamanha incapacidade intelectual chegou onde chegou, ao cargo mais importante do mais poderoso Estado da federação.
Há quem insista em dizer que os paulistas merecem esses tipos por uma série de razões que não cabe agora enumerar.
Pode até ser que eles tenham razão.
Mesmo assim não consigo me livrar de uma sensação de vergonha, de total constrangimento, de mal-estar mesmo, quando vejo a que ponto o ser humano pode chegar.
São Paulo se destruindo por causa de anos e anos de completa incompetência administrativa de um grupo político e o governador dizendo que a culpa desse desastre é do governo federal...
Seria cômico, se não fosse absolutamente trágico.