sexta-feira, 15 de junho de 2012

Erundina, Marta e Haddad


Está mais do que evidente que a presença da deputada Luiza Erundina na chapa de Fernando Haddad para a disputa da prefeitura paulistana tem como principal objetivo compensar o boicote que a senadora Marta Suplicy promove à candidatura do ex-ministro da Educação.
Marta está isolada politicamente em São Paulo. Seu grupo, outrora forte, se desfez. Mesmo assim a ex-prefeita é bastante popular na capital, principalmente em áreas periféricas, herança do bom trabalho feito nessas regiões com a ajuda de seus antigos companheiros de partido.
Como não conseguiu convencer as lideranças petistas de que era o melhor nome para concorrer ao cargo de prefeito, Marta apostou que poderia, em compensação, vender caro o seu apoio. Estava certa de que um neófito como Haddad, mesmo contando com toda a máquina partidária e o apadrinhamento do ex-presidente Lula, precisaria de alguém como ela, figura conhecida de líderes populares da periferia, para conseguir um piso de votos suficiente para arriscar voos mais altos.
Dificilmente um candidato do PT terá menos de 20% da votação em São Paulo, desde que os eleitores saibam quem é ele. Haddad não deve, ainda, ser reconhecido por metade do eleitorado, especialmente os de classe mais baixa. Marta seria, nesse caso, de muita ajuda.
Com a entrada de Erundina em cena, o PT diminui consideravelmente essa desvantagem. A atual deputada do PSB, que já foi um dos mais importantes quadros do PT, fez a sua vida política baseada nos movimentos populares e é capaz de ser uma interlocutora bastante eficaz deles com a direção da campanha petista.
Mesmo assim, ainda é possível que a senadora Marta Suplicy, feito os devidos acertos com os próceres do partido, se engaje na campanha, que ganharia muito com a sua presença.
Garantida a votação habitual do PT em São Paulo, é preciso que Haddad quebre a resistência de uma classe média conservadora, que prefere a cidade do jeito que está. Esses eleitores somam, quando muito, um terço do total, mas não formam um bloco monolítico. Os fanáticos, os ultradireitistas, aqueles que votam por ideologia no neofascismo, não chegam a 10%. Sobram muitos outros para conquistar.
Essa estratégia já deu certo com Erundina e com Marta Suplicy, que por serem mulheres, tiveram muitas dificuldades em ganhar o voto conservador.
O cenário é propício para a vitória de Haddad. Mas nenhuma aliança - nem essa que se desenha com o PP de Maluf - será capaz de fazer uma candidatura pesada decolar.
Haddad tem todas as condições de se mostrar como o novo, de aparecer como quem vai mudar a feição horrorosa da metrópole submetida à completa incompetência de governantes aventureiros.
Para isso basta que transmita ao eleitor a sinceridade de alguém que sabe o que está fazendo - exatamente como nos tempos em que foi o ministro da Educação, responsável por revolucionar o mais importante setor da atividade humana.

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