terça-feira, 6 de março de 2012
PIB: copo cheio, copo vazio
O IBGE divulgou há pouco o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, no ano passado: crescimento de 2,7% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 4,143 trilhões. O resultado, abaixo da previsão do governo e de alguns analistas, vem na esteira da crise econômica global e das medidas macroprudenciais adotadas a partir de dezembro de 2010 para esfriar a economia, que vinha crescendo num ritmo que muitos consideravam perigoso demais, por ser capaz de estimular a inflação.
Como se viu, a dosagem dos freios foi excessiva, e embora as autoridades monetárias tenham mudado a estratégia no segundo semestre de 2011, o estrago já estava feito, pois a queda dos juros, efetuada pelo Copom, e as outras providências tomadas para a retomada econômica, demoram meses para começar a sutir efeito.
O governo errou, não há mais dúvidas sobre isso. Tanto faz a inflação ficar em 5% ou 6% ao ano. Essa conversa sobre "PIB potencial", ou seja, o máximo que a economia pode crescer sem pressionar a inflação, é muito questionável: a economia, embora muitos desejem e apregoem, não é uma ciência. No caso brasileiro, é uma mistura de desejos, lobbies, mistificações e engajamento político-partidário.
Não há dúvida que a oposição e os críticos do governo em geral vão se apegar ao resultado do PIB para espinafrar a administração Dilma e o PT em geral. Como não têm rumo, nem bandeiras, nem votos, como o Brasil que sonham é aquele dos tempos da Casa Grande e Senzala, vão aproveitar para descer a lenha na política econômica, vão descascar o abacaxi em cima de Mantega, Tombini e que tais, se esquecendo de um pequeno, mas fundamental detalhe: os 2,7% de crescimento do PIB podem não ser o ideal, foram mesmo resultado de uma dose excessiva de conservadorismo - atendendo, é bom frisar isso, os apelos de grande parte dos "entendidos" -, mas foram obtidos em um ano em que a quase totalidade da economia do mundo, incluindo a dos países que são modelos dessa turminha do contra, afundou.
Portanto, devagar com o andor.
Os próprios números do IBGE sobre o PIB mostram que há condições para que neste ano o crescimento seja muito mais robusto e consistente: sob a óptica da produção, o destaque do PIB em 2011 foi a agropecuária, que cresceu 3,9%, mas os demais setores também apresentaram expansão: indústria (1,6%) e serviços (2,7%). Isso também ocorreu com o PIB sob a óptica da demanda, com crescimento no consumo das famílias (4,1%), no consumo do governo (1,9%) e na formação bruta de capital fixo, isto é, nos investimentos (4,7%). Avaliando apenas o quarto trimestre de 2011, houve expansão de 0,3% em relação ao trimestre anterior e de 1,4% em relação ao último trimestre de 2010.
No ano retrasado, de recuperação em relação à primeira onda da crise econômica mundial, iniciada em 2008, o PIB havia crescido notáveis 7,5%.
Neste, tudo indica que, se o país não chegar a esse número, também não repetirá os 2,7% de 2011.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário