quarta-feira, 28 de março de 2012

Para não esquecer jamais



No sábado, se alguém se lembrar da data, terão passados 48 anos do golpe militar que por duas décadas cobriu o país de luto.
Não será surpresa se algum general de pijama, um desses que têm saudades de viver num mundo preto e branco, resolver se manifestar contra a tentativa que o Brasil faz hoje de encerrar de vez as contas com esse passado sombrio. Afinal, não deve ser muito agradável para essas pessoas saber que, tanto tempo depois, os atos abomináveis dos quais foram responsáveis não foram esquecidos.
E nunca serão, pois nenhuma nação que deseja ser grande e justa pode permitir que seus fantasmas continuem a assustá-la para o todo e sempre.
Não tenho dúvida de que os crimes que foram cometidos contra o povo brasileiro serão, algum dia, julgados, de uma forma ou de outra, num tribunal formal ou simplesmente por meio do repúdio generalizado a esse tipo de prática.
Embora muitos não desejem que isso ocorra entre nós, é impossível deter a marcha da civilização, pois ela faz parte do ser humano, está indissociavelmente ligada à sua existência.
Em suas casas, tais remanescentes da ditadura devem estar neste momento se perguntando o que deu errado em seus planos de limpar o país dos elementos indesejáveis ao tipo de sociedade que tentaram impor na base da força bruta.
Deve ser difícil para eles ver que fracassaram tão completamente que as suas vidas estão agora nas mãos daqueles que foram supliciados e torturados em nome de uma nova ordem que não admitia o contraditório, que se incomodava com o simples exercício da liberdade e da própria Justiça.
Hoje, perdidos num ambiente adverso ao seu temperamento e modo de agir, encurralados numa floresta que cresceu livre e atinge dimensões extraordinárias, reagem como animais à beira da extinção, exaustos e sem armas para lutar pela sobrevivência a não ser os derradeiros e patéticos urros, incapazes de amedrontar quem quer que seja.
Infelizmente, por tudo o que fizeram e representam, essas figuras não despertam pena nem compaixão.
Tampouco serão esquecidas.
 Sua existência servirá ao menos para isso, para que nunca mais, em tempo nenhum, outros se espelhem em seus exemplos.

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