terça-feira, 20 de março de 2012

Os jornalistas vão às urnas


O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo terá eleições no fim do mês. Duas chapas concorrem. A da situação tenta eleger o atual presidente, Guto Camargo, mais uma vez. Acho que, se vencer, o Guto irá para o terceiro mandato, mas não tenho certeza, sei apenas que ele está lá faz bastante tempo. A chapa de oposição é encabeçada por Bia Barbosa, assessora parlamentar do deputado federal Ivan Valente, do PSOL paulista.
No manifesto que recebi, a chapa de oposição faz justamente referência ao fato de o atual presidente e alguns diretores demonstrarem "mais apegos a cargos do que ao trabalho sindical em favor da categoria".
É uma crítica lógica. Também acho que o sindicato deveria se renovar, mas ao mesmo tempo preservar o conhecimento e a experiência de vários companheiros que passaram boa parte de suas vidas nele, dando a cara para que os jornalistas, que hoje nem são mais reconhecidos legalmente como profissionais, ganhassem uns caraminguás extras, tivessem algumas conquistas, pequenas, é verdade, mas que, nesses anos todos, serviram para não deixar o moral da tropa desabar completamente.
Na visita que fez à redação, o grupo da chapa situacionista destacou que uma das suas prioridades será filiar mais gente ao sindicato para que ele possa, o mais cedo possível, se manter com as próprias pernas, dispensando a ajuda do imposto sindical.
Taí algo mais que urgente. O baixo nível de sindicalização dos jornalistas de São Paulo é vergonhoso. O número não passa dos 4 mil e tantos há não sei quanto tempo. A cada ano entram no mercado de trabalho milhares de jovens, mas uma porcentagem ínfima deles se sindicaliza. A impressão que tenho é que eles nem sabem que existe um sindicato que os representa, que nem mesmo sabem para que serve um sindicato. Será que as faculdades têm alguma disciplina que explique isso para eles?
O fato é que nunca vi essa moçada, que começa nas redações com uma jornada dura, de mais das sete horas convencionais, discutir qualquer coisa que se assemelhe com política, sindicalismo, relações trabalhistas. Eles só falam de trabalho e de diversão, contam sobre algum filme ou show musical que viram, sobre alguma balada a que foram, essas coisas despretenciosas que enchem a vida de todo jovem.
No meu tempo - ah, como é difícil escrever isso! - a gente falava desses assuntos, mas também discutia sobre o que o governo andava fazendo, sobre quem apoiar na próxima eleição, sobre os candidatos do sindicato, sobre os partidos políticos, sobre as nossas condições de trabalho.
Éramos, enfim, mais integrados com a vida em geral, com o mundo em que estávamos, com os nossos interesses e necessidades.
Posso estar errado, mas acho que desta vez a oposição, depois de muitas tentativas, leva essa eleição. Sinceramente, não sei se isso será bom ou ruim para os jornalistas. O ideal, a meu ver, seria uma chapa que conciliasse as duas tendências, porque no fundo, as divergências, pelo menos no campo sindical, não são irreconciliáveis. Qualquer jornalista mais ou menos informado sabe do que a categoria precisa: se fortalecer para ter condições mínimas de enfrentar os patrões mais reacionários do mundo.
O que, convenhamos, não é uma tarefa das mais fáceis.

Um comentário:

  1. Caro Motta, bom dia!!
    Milito no Sindicato desde 1986 e neste pleito votarei na Chapa 1 que defendo os princípios da CUT. A outra chapa liderada por Bia Barbosa que respeito, nunca atuou no dia a dia do Sindicato, só cobram, mas não atuam. Falam muito em tempo de eleições mas quero ver participação.
    Um forte abraço
    Aparecido
    #SomocsFortesSomosCut

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