segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Haddad e Chalita: quem é quem?


Nesse andar da carruagem é bem provável que a disputa pela prefeitura paulistana se polarize entre PT e PMDB. Será uma batalha interessante, entre dois candidatos que vieram da área da educação, um ex-ministro dos governos Lula e Dilma, e o outro, ex-secretário de Geraldo Alckmin.
As coincidências entre Fernando Haddad e Gabriel Chalita, se for relevada a pouca idade de ambos, param, porém, por aí.
Ideologicamente os dois são bem diferentes.
Haddad é um socialista, sempre atuou à esquerda do espectro político; Chalita é um conservador que a vida toda se escudou na igreja católica e em suas ligações afetivas com gente da elite para ascender profissionalmente.
Haddad promoveu uma revolução no ensino brasileiro, com o Enem, o Prouni e o SiSu, e por isso foi bombardeado pela imprensa e empresários do setor; Chalita gastou seu tempo à frente dos negócios da educação viajando por São Paulo para dar palestras e distribuir livros de sua autoria aos professores, a bordo de aviões e helicópteros pagos pelo contribuinte - sem licitação.
Chalita leva uma grande vantagem sobre Haddad no campo da experiência parlamentar. Foi vereador em São Paulo e é deputado federal. Entrou e saiu de várias agremiações - PDT, PSDB, PSB e agora PMDB -, numa prova de que dá pouca importância a programas partidários. Procura estar de bem com todos - seu único desafeto público é José Serra, que hoje é personagem irrelevante na política brasileira. Está agora sob a tutela de Michel Temer, vice-presidente da República e homem forte do PMDB nacional.
Haddad, pode-se dizer, é uma criação de Lula. Sua candidatura a prefeito paulistano foi idealizada e construída pelo ex-presidente, que afastou a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy da disputa. Ressentida, ela ainda não se dispôs, publicamente, a trabalhar pela candidatura do ex-ministro. Marta, porém, já há algum tempo atua praticamente sozinha no PT paulista, e sua ausência deve alterar pouco os rumos da campanha de Haddad. O verdadeiro cabo eleitoral é mesmo Lula.
No perfil biográfico de Haddad e Chalita há outro fato que chama a atenção: os dois se dedicam às letras.
Haddad é um acadêmico, suas obras são pouco divulgadas, pouco comentadas.
Chalita, porém, é um fenômeno: aos 48 anos de idade, escreveu mais de 60 livros, o primeiro com 12 anos! Ele discorre sobre tudo: filosofia, religião, política, sociologia, psicologia... E das mais variadas formas: ensaios, ficção, cartas, diálogos, peças teatrais...
Uma produção tão abundante tem chamado a atenção de todo o mundo. Como é possível uma pessoa com tantos afazeres - além de deputado, Chalita é professor universitário, doutor em filosofia e direito - encontrar tempo livre para produzir essa quantidade de livros?
Na sua imensa modéstia, Chalita explicou que muitos dos seus livros são destinados ao público infantil, com pouco texto e muitas ilustrações, os quais, disse, foram escritos nuns "quinze minutos". Houve até mesmo o caso de um que foi feito durante uma viagem na ponte-aérea Rio-São Paulo. Coisas de gênio.
Se Haddad e Chalita, por uma dessas ironias do destino, passarem para o segundo turno, será a primeira vez que o eleitor paulistano terá a oportunidade de se ver diante de dois candidatos tão iguais na forma quanto diferentes no conteúdo.
Vai ser uma confusão só.
Alguém vai ter de explicar às pessoas quem é quem, quem representa o quê, quem é o novo e quem é o velho, quem é autêntico e quem é uma fraude, quem é honesto e quem é picareta.
Isso vai dar um trabalho danado para os tais marqueteiros.

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