quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O bobo da corte


Quando a gente acha que já viu tudo, aparece algo novo, que surpreende, ora pelo ineditismo, ora pela estupidez. Nesse último caso está uma notícia da Agência Brasil intitulada "PSDB prepara pacote de sugestões para que governo possa enfrentar crise".
Ela merece ser transcrita na íntegra como prova de que a oposição brasileira continua sendo a piada pronta - só é encarada a sério pelos seus próprios integrantes, que devem viver no universo paralelo das histórias em quadrinhos do Super-Homem, aquele mundo em que tudo é contrário ao nosso.
Sem mais, vamos a ela:
Os líderes do PSDB no Congresso Nacional comunicaram hoje (10) que irão oferecer, até o fim de agosto, um pacote de sugestões de reengenharia administrativa para a presidenta Dilma Rousseff, a fim de ajudá-la a enfrentar a crise econômica e os problemas de corrupção no governo.
Segundo o líder do partido na Câmara, deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), “a solução é fazer um enxugamento e controlar os gastos” do governo. “Vamos votar todos os projetos do governo para enfrentar a crise , mas isso não basta. É preciso fazer um enxugamento e controlar os gastos”, disse o líder.
A proposta que está sendo elaborada pelos assessores técnicos do partido começa com quatro projetos de lei que estão prontos para serem votados, segundo os tucanos. O primeiro deles é conhecido como “fura-fila” e propõe que os processos contra gestores que praticaram crimes contra a administração pública passem na frente de outros e tenham prioridade para serem julgados.
Também tem o que pretende ampliar as informações sobre gestões financeiras e mais um projeto que proíbe o sigilo nos processos de crime contra a gestão pública. Por fim, o PSDB sugere a aprovação de um projeto de lei que determina ao Tribunal de Contas da União que divulgue os dados sobre compras públicas. As sugestões serão apresentadas apenas das tribunas do Senado e da Câmara e pela imprensa e os tucanos não irão pedir uma audiência à presidenta Dilma Rousseff para apresentar os projetos.
Para o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), a oferta do principal partido de oposição ao governo não é arrogante. “Quem perde a eleição fiscaliza, quem ganha governa. Nós estamos fazendo o nosso papel”, disse.
Além do pacote de reengenharia administrativa, o líder do partido no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR) também divulgou hoje as medidas que serão adotadas na tentativa de promover as investigações das denúncias de corrução em três ministérios. Ele protocola hoje, na Procuradoria-Geral da República duas representações solicitando averiguação nos ministérios da Agricultura e do Turismo. “O governo até admite a existência das irregularidades e da corrupção, mas insiste em proteger os responsáveis por tudo isso”, declarou Dias.
Além disso, o PSDB quer levar os principais envolvidos nas denúncias nos dois ministérios para dar esclarecimentos em audiências públicas no Congresso e continua em busca de assinaturas para instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes. O partido chegou a conseguir as 27 subscrições necessárias para montar comissão no Senado, mas dois nomes foram retirados e o requerimento foi devolvido. Com isso, os oposicionistas voltaram ao ponto de partida e estão novamente à procura de assinaturas em favor da instalação da CPI. Atualmente, 22 senadores assinaram o documento.
Em coro com Dias, Duarte Nogueira ressaltou a gravidade da crise política enfrentada pelo governo Dilma. Segundo ele, na reunião do colégio de líderes da Câmara, hoje, a própria base aliada não conseguiu entender-se sobre as votações de interesse do governo e decidiu não votar nada. “É claro que se há uma comoção entre os líderes da base em si, a crise é gravíssima”, disse Nogueira.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a proposta do PSDB não passa de uma provocação política da oposição. "É uma provocação política natural da oposição, que está sem rumo". Segundo ele, o governo não precisa de ajuda e está indo bem na contenção da crise. "O governo está fazendo uma gestão responsável, está procurando racionalizar as ações, portanto, não precisa dessa proposta da oposição", completou Jucá.
Viram só que originalidade? Enxugamento, controle de gastos... É inacreditável a limitação do vocabulário tucano e seus conhecimentos sobre macroeconomia e sobre o que se passa hoje no mundo.
Estar tão desconectado assim da realidade pode ter consequências graves para o partido.
Com essa obsessão monotemática é bem capaz que ele se transforme no idiota do vilarejo, que se destaca dos outros moradores pelos seus hábitos singulares e atos inconsequentes.
Ou então no bobo da corte, aquele profissional que pretendia ser mordaz com seus patrões, mas era tolerado por eles apenas porque fazia o papel da anedota ambulante.

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