terça-feira, 30 de agosto de 2011

A arma mais perigosa


É muito estranho o silêncio da mídia e de organizações sociais em torno dos crimes cometidos pela revista Veja contra o ex-ministro José Dirceu. Por muito menos, em outras ocasiões e com outros atores, foi feito um estardalhaço, os porta-vozes da moralidade e dos bons costumes amplificaram suas lamentações e apontaram os dedos para condenar, sem direito de defesa, aqueles que não passavam de simples suspeitos.
Desta vez, para comprovar de vez que a imprensa é seletiva em suas denúncias, que toda a liberdade que ela desfruta no Brasil é usada exclusivamente em seu próprio interesse, ninguém faz editoriais ou artigos para dizer que a revista ultrapassou todos os limites da ética, usou de expedientes condenados em qualquer parte do mundo, agiu como agem os mais mequetrefes quadrilheiros e os mais sórdidos arapongas.
Há muitas pessoas no país que acham que a imprensa não pode ficar acima das leis, como hoje, usando a sua prerrogativa de "quarto poder" para destruir reputações, exterminar inimigos, facilitar negociações, agindo de maneira completamente divorciada de sua missão de informar.
Todas as vezes, porém, que se pretende construir algo que coloque a mídia nos trilhos, que a faça atuar em prol da sociedade e não de grupos empresariais ou políticos, surgem as vozes daqueles que pretendem manter o status quo, com argumentos de que nada deve mudar porque qualquer mudança representa um "atentado à liberdade de expressão", um "atentado à democracia", ou algo do gênero, com frases de um cinismo sem igual.
Para esses, é bom lembrar que, num Estado democrático, a lei existe para todos, não deve privilegiar ninguém, nem nenhum grupo, assim como é preciso haver normas que regulem esse importante setor que se encarrega de levar a informação para todos.
Quando isso não ocorre é que a democracia corre perigo, pois fica à mercê de algumas poucas pessoas, que  detêm a arma mais potente e perigosa que existe no mundo contemporâneo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário