sábado, 7 de maio de 2011

Imprensa livre e independente


Li outro dia uma troca de tuítes interessante entre dois camaradas, um deles jornalista que trabalhou em jornal de renome, reacionário de pedra, e o outro blogueiro conhecido pelas críticas duras que faz à imprensa nativa. O fato que me chamou a atenção naquele diálogo exaltado e conflitante foi quando o jornalista praticamente encerrou a conversa dizendo que ele não iria mais discutir com quem chamava de PIG (Partido da Imprensa Golpista) a imprensa livre e independente.
Eu, que conheço um pouco o dito cujo, e sei que ele não é nenhum imbecil, fiquei pasmo. Afinal, pensei, como é que um sujeito que trabalhou quase a vida toda numa das mais conservadoras empresas jornalísticas do país, com interesses explícitos em defender a ideologia neoliberal, pode achar que ela - ou outra do mesmo naipe - representa o jornalismo em sua essência ?
Lembrei de algumas coisas que vi e vivi em quase duas décadas de trabalho diário num desses nossos jornalões para ter a certeza absoluta que o jornalismo ali praticado não era nem livre nem independente. Ao contrário: era apenas a expressão dos sentimentos de seus donos, que por sua vez representavam os da classe dominante - empresário, banqueiros, ruralistas. 
Nada de liberdade de expressão, nada de independência.
Claro que o nosso jornalista em questão sabe disso. Se diz o contrário e defende com tenacidade esse modelo de imprensa que existe no país é porque está integrado há muito no sistema, cresceu nele, nele prosperou e construiu a sua vida. Tem razão, portanto, para defendê-lo tanto.
Como ele existem muitos por aí. Gente que, anos atrás, pregava a revolução, implorava por um mundo mais justo, chorava pelos miseráveis e inflamava a audiência com seus discursos, hoje escreve as maiores  barbaridades contra o governo, xinga de todos os nomes quem se diz de esquerda, despreza as mais elementares normas da educação e atropela todas as regras do jornalismo - tudo em nome da imprensa livre e independente. 
Que fiquem lá com suas convicções. Eu, por mim, quero apenas distância desse tipo de liberdade e independência.

4 comentários:

  1. Mas quem são os caras.Fiquei curioso.

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  2. Acho que mais importantes que os caras é a atitude deles.
    O caso específico é só um exemplo. As identidades não têm importância. O que importa é a forma como agem.
    Abs.

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  3. Prezado Motta
    99% dos jornais e jornalistas formam o PiG (na Vila Vudu e na redecastorphoto chamamos de GAFE - Globo, Abril, FSP e Estadão a parte que representa 90% do PiG). O 1% restante é composto pelas infáveis exceções que apenas confirmam a regra geral. Note que não faço diferença entre "cores" políticas...
    Abraço
    Castor

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