quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Outro passaralho

O Estadão demitiu ontem mais de 20 jornalistas, apesar de viver, segundo ele próprio alardeia, um momento de prosperidade. O diretor de Conteúdo, Ricardo Gandour, explicou, para o newsletter Jornalistas&Cia, que os cortes foram motivados pela necessidade de o grupo manter, no campo orçamentário, a mesma excelência que exibe no jornalismo, a fim de garantir a saúde financeira necessária aos investimentos que pretender fazer.
Palavras bonitas, sem dúvida. Mas que não explicam nada. Periodicamente, o Estadão promove passaralhos desse tamanho, grandes, viçosos, exuberantes em sua voracidade de cortar cabeças.
E isso vem de longe, se tornou um hábito na empresa, que, nos últimos tempos parecia ter se recuperado dos graves problemas financeiros que quase a derrubaram, causados, em grande parte, pelas dívidas contraídas na  euforia do dólar barato do Plano Real. De lá para cá, a redação passou por um processo permanente de enxugamento de custos, com a demissão de funcionários mais antigos - e mais custosos - e o preenchimento das vagas com salários mais baixos.
O problema todo do Estadão e seus concorrentes é que são empresas apenas voltadas para obter lucro, como seu próprio Código de Ética e Conduta explicita. Nele está escrito que a missão do conglomerado é ser  "um grupo empresarial rentável nos setores de informação e comunicação, nos segmentos de jornalismo, de serviços de informação, divulgação de publicidade, entrenenimento e serviços gráficos".
No texto do tal código há ainda um parágrafo sobre o dever de "defender os princípios da democracia e da livre iniciativa" e  nada sobre os princípios básicos do jornalismo, enquanto atividade imprescindível ao desenvolvimento humano.
Claro que é mais fácil para um jornal fazer um bom jornalismo quando tem dinheiro. Para isso, porém, precisa acreditar que o seu maior capital são os seus profissionais, que sua matéria-prima é a informação bem apurada, bem escrita, bem editada. E que o lucro é uma consequência de um processo desenvolvido naturalmente, sem desvios de seu objetivo primordial, que é oferecer ao público a notícia na forma mais isenta possível de contaminações ideológicas.
Algo que, convenhamos, hoje em dia quase nenhum veículo de imprensa faz no Brasil.

3 comentários:

  1. Realmente, Mottinha, não se faz jornalismo sem jornalistas e um jornal que não conta com profissionais de qualidade perde a credibilidade. O passo seguinte é perder leitores e receitas. Isso vem acontecendo há tempos na grande imprensa tupiniquim.

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  2. Frase "perfeita" de quase todos os "patrões" direitistas: "...estou lhe mandando embora para seu próprio bem. Voce poderá crescer muito mais...". Mas, quem trabalha para estúpidos boçais direitistas, tem esse fim e, pior, sabem a regra do jogo deles. Vendem seus corações e mentes, para seus feitores e dá nisso. Quanto esses "jornalistas" destruiram e\ou tentaram destruir o Brasil e os mais pobres! Resta, por agora, solicitar aos partidos politicos de Esquerda que intercedam por eles. Ou, melhor, não encham o saco de ninguem e passar bem.

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  3. Graaaaande Motta
    Mas você tem a mesma ilusão do Dines (em boa companhia) de que existe jornalismo no Brasil. Não existe. Ponto Final. Não há bons profissionais, nem boas escolas e muito menos bons professores e menos ainda boas empresas jornalísticas.Só lixo. E lixo com "esprit de corps", sindicato e os cambaus.

    O que subxiste, você p. ex., são exceções que confirmam a regra geral. Ah! Todos, bons e maus, tem blog e os maus são apoiados pelos patrões.
    Abraço
    Castor

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