sábado, 1 de janeiro de 2011

Mudança de plumagem

Parece que os oito anos do governo Lula fizeram algum efeito nas mentes e corações tucanas. Em seu discurso de posse ao cargo de governador de São Paulo, Geraldo Alckmin cometeu um ato que, em outros tempos, seria considerado uma heresia pelos seus pares: prometeu trabalhar "pensando no operário que madruga, em pé, nos pontos de ônibus, e que só noite alta volta ao lar, à sua família".
Claro está que não foi de graça que Geraldo deu tal ênfase ao social. O PSDB quer se livrar da pecha de partido elitista, que só pensa nos ricos, e deve, cada vez mais, se aproximar do povo. Note-se outro trecho do discurso: "Vou trabalhar com a mente e o coração voltados à trabalhadora que deixa os filhos em casa - uns cuidando dos outros -, e vai dar duro na fábrica, nos escritórios, nas lojas ou em casas alheias."
Está em pleno processo, então, o que alguns chamam de "refundação" do PSDB, processo que tem Geraldo e seu colega mineiro Aécio Neves como principais entusiastas. Outros partidos, como o DEM, que já foi PFL, tentaram isso e se deram mal. perderam a identidade e os poucos votos que já tinham.
Na cerimônia de posse, FHC, eterno cacique da tribo tucana, e José Serra, aquele que queria ser presidente da República, foram mostrados pela TV Cultura, FHC balançando a cabeça, como se estivesse concordando com tudo o que Geraldo dizia. Serra se comportando como Serra, emburrado como sempre.
É, as coisas dão sinal de vida no ninho desses estranhos pássaros de bico enorme...
...
Depois da cerimônia, Serra disse alguma coisa para os repórteres: que vai ganhar a vida agora dando palestras, aulas e escrevendo. E que continuará na política, pois, afirmou, sempre fez política.
Taí um modo melancólico de se despedir da via pública.

Um comentário:

  1. Prezado Mota
    A intenção do homem da "Opus Dei" pode até comover incautos, mas onde os tucanos vão arranjar quadros partidários para executar a "preocupação com as mães trabalhadoras" do Alckmin?
    No duro mesmo os tucanos vão tentar governar dentro da mesma agenda neoliberal privatizante e sem quaisquer regulações do Estado.
    A "novidade" será, como já é, o "discurso" e o uso toda a força que resta ao "jornalismo-que-há" e que só os idiotas crêem. E o número de idiotas diminui dia a dia...
    A ausência de FHC e Serra na posse da Opus Dei significa apenas que eles esgotaram o combustível político que tinham.
    O PSDB pós-Serra está irremediavelmente identificado com o que há de mais canalha na direita nacional. Pior ainda é que não se desgrudam do PFL (ex-ARENA, ex-PDS, atual DEMO)
    Estão TAMBÉM irremediavelmente ligados às ações GOLPISTAS dos MILICANALHAS.

    Abraço
    Castor

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